Imagine placas solares compartilhando espaços com a pecuária e a agricultura, produzindo simultaneamente alimentos e energia. Ou essas placas sombreando áreas de seca e extremo calor, evitando que culturas de hortaliças se queimem enquanto também geram energia.
Exemplos como esses foram citados em audiência nessa quarta-feira para ilustrar o potencial que está prestes a se tornar realidade no Estado com o projeto piloto Sistemas Agrovoltaicos. O assunto foi debatido na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em audiência na Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada a pedido de seu presidente, deputado Gil Pereira, do PSD.
Com investimentos iniciais da ordem de R$ 10,5 milhões, Minas Gerais será pioneira na implementação do projeto, com duas iniciativas-piloto em campos experimentais da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), localizados no Norte de Minas e na Região Centro-Oeste, conforme destacou Trazilbo José de Paula Júnior, diretor de Operações Técnicas da empresa.
Em apresentação à comissão, ele destacou que o sistema agrovoltaico propõe o desenvolvimento de um modelo de produção de energia com base na tecnologia solar fotovoltaica, em combinação harmônica e otimizada com a produção agropecuária, podendo gerar maior produtividade e economia de recursos.
Usado comercialmente na Europa e na Ásia, o maior potencial desse sistema é estimado justamente para regiões semiáridas, onde os painéis fotovoltaicos fornecem sombra protegendo os cultivos e permitindo uso mais eficiente da água.
Em Minas, além da Epamig, participam da empreitada, pioneira no Brasil, a Cemig e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), além da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e do Instituto Fraunhofer, da Alemanha e do Chile.
JAIBA SEDIARÁ PILOTO – No Norte de Minas, a primeira unidade-piloto será instalada no Campo Experimental de Mocambinho, no município de Jaíba, onde placas de energia solar deverão ser implantadas sobre culturas como feijão, alternadas com a de frutas e outros grãos. No Centro-Oeste do Estado, o segundo piloto será implantado no Campo Experimental de Santa Rita, em Prudente de Morais, e deverá avaliar a associação do sistema com a pecuária.
O diretor de operações da Epamig ressaltou que a implantação de sistemas de energia agrovoltaica é um projeto estratégico para os parceiros e relevante também para a Cemig, demandando soluções que possam de fato ser aplicadas em condições reais. Mas de antemão não há dúvida do potencial da inciativa.
“Muitos proprietários do Norte de Minas, por exemplo, estão arrendando ou vendendo suas terras para projetos fotovoltaicos, sem imaginar que poderiam continuar na região produzindo alimentos e energia.” O diretor da Epamig ainda destacou que o projeto mineiro terá ensaios e estudos para mostrar viabilidades práticas do sistema agrovoltaico. A partir daí, o objetivo é recomendar modelos ideais que poderão ser visitados por produtores. Nesse sentido, serão estudados materiais, placas, soluções para a limpeza do sistema, inclusive com recolhimento de água para uso na irrigação, e monitorados parâmetros de clima e solo, entre outras etapas.