O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) realizou através da empresa Água e Solo promoveu em Nova Porteirinha e Jaíba, no Norte de Minas, dias 20 e 21, e em Jaíba, nos 22 e 23 deste mês, encontro com o tema capacitação para manejo de irrigação. O foco é garantir aos pequenos e médios irrigantes da Bacia do São Francisco conhecimento para que possam reduzir o uso da água e usá-la de modo eficiente nas plantações. Com 6.700 habitantes é em Nova Porteirinha que, a partir da construção da Barragem do Bico da Pedra, em 1979, foi implantado o Projeto de Irrigação do Gorutuba, com predominância da bananicultura, representando mais de 50% da produção, limão, maracujá, manga, uva, goiaba, pinha, umbu, cajá, mamão, caju, entre outras culturas, além dos grãos, como feijão, sorgo e milho, o que exerce forte influência na economia agrícola regional, com reflexos nos setores do comércio e da indústria.
Já no município de Jaíba, com cerca de 37.600 habitantes, existe o Projeto Jaíba, de irrigação com água captada do Rio São Francisco. O Projeto Público de Irrigação surgiu na década de 1950 com o início das primeiras ocupações e colonização realizadas pelo antigo Instituto Nacional de Irrigação e Colonização (INIC).
Segundo dados da Companhia dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), mais da metade da área cultivada é destinada à produção de frutas com uma grande diversificação de culturas. Em torno de 50 espécies são cultivadas, entre grãos, hortaliças, sementes, espécies florestais e frutíferas. O destaque fica por conta da produção de banana, limão e manga, além de uma produção expressiva de batata doce e mandioca.
O produtor Leonardo Cordeiro Souza de Almeida é da agricultura familiar do município de Nova Porteirinha e faz o cultivo de goiaba, acerola, manga e, segundo ele, futuramente vai investir em mais 1 hectare de banana. “Detectei aqui na minha propriedade algumas falhas no sistema de irrigação e agora a gente vai fazer as correções. Vamos instalar o tensiômetro, e também fazer outros medidores. Então, fazendo um resumo desses dias, posso dizer que foi muito positivo trazer esse tipo de iniciativa para a região que está carente de processos informativos. A maneira como o instrutor explicou foi extraordinária, e isso vai enriquecer nosso processo de agricultura, nossa economia. O instrutor demonstrou o quanto podemos economizar com a mudança de rotina no sistema de irrigação. Todos nós, do curso, de maneira geral, saímos contentes e dispostos a implementar as mudanças necessárias”.
O engenheiro agrônomo José Godrim, do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável (Emater-MG), destacou a troca de experiências e a valorização dos saberes populares. “A capacitação possibilitou a troca de experiência e de conhecimento que, através das instruções também levou à reflexão inclusive sobre os saberes de cada um, os aprendizados do dia-a-dia. O compartilhamento de informações possibilitou o nivelamento de conhecimento. Então, percebemos alegria e valorização da capacitação que se deu em função da preocupação na bacia com a gestão dos recursos hídricos, com o cuidado com o uso da água que precisa cada vez mais ser eficiente na sua utilização. A nossa percepção foi de valorização desse momento”.
Para Diomar Barbosa, que cultiva atemoia, romã e limão em Jaíba, a capacitação reforça a importância da luta pela bacia hidrográfica. “O curso teve uma linguagem fácil, o que tornou a aula proveitosa. Na prática a gente participou e aprendeu colocando a mão na massa, porque só se aprende fazendo e assim fizemos. Espero implantar o que aprendi nas minhas plantações e agradecemos ao Comitê. Graças a Deus, temos vocês para lutar e defender o Rio São Francisco”, concluiu.