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Ex-prefeito multado em R$ 85 mil ao derrubar pequizeiros em Várzea da Palma

Um fazendeiro ex-prefeito de Santo Hipólito e candidato a deputado foi multado por destruir pequizeiros protegidos pela considerada “imune ao corte” desde 2012, na zona rural de Várzea da Palma, no Norte de Minas.

Um fazendeiro ex-prefeito de Santo Hipólito e candidato a deputado foi multado por destruir pequizeiros protegidos pela considerada “imune ao corte” desde 2012, na zona rural de Várzea da Palma, no Norte de Minas. A autuação ocorreu após se espalhar nas redes sociais um vídeo mostrando pés de pequi enormes caídos no chão após serem arrancados na propriedade rural e foi multado em R$ 85 mil.

Após terem acesso às imagens que mostravam o grande desmatamento promovido no local, a Polícia Militar (PM) de Meio Ambiente fez uma fiscalização, na manhã da última sexta-feira (3), na fazenda conhecida como Curumataí, que fica às margens da BR496, na altura da comunidade de Buriti das Mulatas, na zona rural do município, atrás da Igreja Católica, sentido Rio das Velhas.

No local, os militares identificaram então o corte dos 142 pequizeiros e, ainda, a derrubada de outras 326 árvores que não contam com proteção especial. Durante as buscas, ninguém foi localizado na propriedade rural, porém, vizinhos da fazenda, que preferiram não se identificar temendo represálias, repassaram informações que permitiram aos policiais identificar o proprietário como Gilson Santiago Aranha Júnior, de 40 anos, acusado de uma nefasta destruição dos pequizeiros sem nenhuma justificativa.

A supressão dos pequizeiros em Várzea da Palma foi denunciada por meio de um vídeo que circula nas redes sociais. A postagem foi feita pelo radialista Dirceu Gomes, daquela cidade norte-mineira. A denúncia também foi averiguada pela Polícia Militar de Meio Ambiente.

De acordo com ele, foram derrubados pelo menos 30 pés de pequi na área, onde ainda existem muitas árvores da espécie. Ele disse que o pequizal fica situado à beira de uma estrada a 15 quilômetros da sede de Várzea da Palma.

AO NOVO JORNAL DE NOTÍCIAS, Dirceu Gomes afirmou ainda que durante o período da safra do pequi, que vai de dezembro a fevereiro, muitas famílias entram na área para catar o fruto no chão. O produto do extrativismo ajuda a melhorar a alimentação e a renda de milhares de famílias no Norte de Minas, que vendem na beira da rodovia.

A imprensa tentou, mas não conseguiu contato com o proprietário da área onde foi feito o desmatamento para saber se ele obteve alguma autorização para a derrubada dos pequizeiros, mediante sistema de compensação ambiental. Segundo uma fonte, ele estaria suprimindo a vegetação nativa para implantar uma lavoura irrigada na propriedade.

Conforme informação apurada junto à 260ª Companhia da Polícia Militar de Várzea da Palma, a denúncia sobre o dano ambiental em Buritis das Mulatas foi encaminhada à Companhia de Meio Ambiente da PM de Pirapora, que encaminhou equipe até o local e registrou Boletim de Ocorrência (B.O) sobre o caso.

Ao ser procurado o 55º Batalhão da PM de Pirapora, a polícia prometeu adotar as medidas sobre a identificação do proprietário do terreno onde aconteceu a derrubada dos pés de pequi. Mas sabe-se que o Ministério Público de Minas Gerais também está apurando a denúncia da derrubada dos pequizeiros em Várzea da Palma.

LENHA – Diante da situação, a PM então lavrou as multas contra o fazendeiro e apreendeu toda a lenha derrubada no terreno. A corporação também suspendeu qualquer corte de árvores no local até a “regularização do órgão ambiental competente”.

Ainda conforme a corporação, o dono da fazenda foi orientado sobre prazos e locais para recorrer das multas e avisado que, além das infrações ambientais, por se tratar de um crime previsto em lei federal com pena de até dois anos de prisão, ele poderá ser intimado pela Justiça.

O pequi, fruto do pequizeiro, é nativo do Cerrado brasileiro e é muito utilizado na culinária da região Nordeste, Centro-Oeste e Norte de Minas. De sabor marcante e peculiar, o pequi é consumido cozido, puro ou misturado com arroz e frango. Da polpa pode-se extrair também o azeite de pequi, um óleo usado para condimento e na fabricação de licores. Na língua indígena, pequi significa “casca espinhenta”.

Todos os anos, durante o período da safra, que vai de dezembro a fevereiro, moradores desta região saem à caça dos frutos já caídos, sendo que o extrativismo do fruto é de extrema importância para a população carente, servindo de alimento e complemento de renda para inúmeras famílias.

POLÍTICO NEGA – Procurado nessa segunda-feira (6) pela reportagem, o médico Gilson Santiago Aranha Júnior negou ser o proprietário da fazenda Curumataí. “Deve estar enganado, não tenho propriedade que tem Pequi não”, afirmou o suspeito.

Apesar disso, o homem, que também é ex-prefeito da cidade de Santo Hipólito e que, em 2022, foi candidato a deputado estadual pelo PP, foi procurado por telefone pela PM, ainda conforme o registro policial, e confirmou ser proprietário da terra, chegando, inclusive, a admitir que não tinha nenhuma documentação que autorizasse o corte daquelas árvores.

Ex-prefeito multado em R$ 85 mil ao derrubar pequizeiros em Várzea da Palma
Além dos pés de pequi, outras árvores sem proteção especial também foram arrancadas pelo fazendeiro acusado

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