[views count="1" print="0"]

Ciência mapeia regiões com potencial para novas pragas

Pesquisa da Embrapa identifica áreas e períodos favoráveis para o desenvolvimento de insetos-quarentenários

A Empresa Brasileira de Pesquisa (Embrapa), em parceria com pesquisadores especializados, conduziu um estudo detalhado sobre o potencial de desenvolvimento de novas pragas agrícolas no Brasil. O foco da pesquisa está em três insetos-praga que atualmente afetam a fruticultura em outros países: a mosca-das-frutas-oriental (Bactrocera dorsalis), a mosca-das-frutas-do-mamão (Anastrepha curvicauda) e a traça europeia dos cachos da videira (Lobesia botrana).

Esses insetos, ainda ausentes no Brasil, têm causado grandes prejuízos em regiões onde estão presentes. O objetivo da pesquisa é antecipar a chegada dessas pragas, mapear regiões vulneráveis e preparar estratégias de controle adequadas.

 A equipe da Embrapa analisou as condições climáticas e a presença de cultivos hospedeiros em diferentes regiões do Brasil para determinar onde essas pragas poderiam se estabelecer. Foram identificados períodos e locais favoráveis para o desenvolvimento dessas pragas, bem como estratégias de controle, incluindo inseticidas e agentes de controle biológico. O estudo também considerou áreas com solos porosos e aquíferos que podem ser particularmente vulneráveis.

De acordo com Rafael Mingoti, analista da Embrapa Territorial (SP) e responsável pelo estudo, duas abordagens principais foram empregadas. A primeira envolve o cruzamento de dados sobre condições climáticas e a presença de plantas hospedeiras com registros históricos para identificar as áreas com potencial para o desenvolvimento das pragas. “Esse método permite identificar as áreas com clima favorável em diferentes recortes de tempo, como mensal e quinzenal”, explica Mingoti.

A segunda abordagem utiliza algoritmos para comparar dados ambientais de regiões afetadas no exterior com condições similares no Brasil, caso não haja informações laboratoriais específicas. Esse método foi utilizado para mapear a Anastrepha curvicauda.

 Para a Bactrocera dorsalis, ou mosca-das-frutas-oriental, a pesquisa revelou que o período de julho a outubro é o mais favorável ao seu desenvolvimento. Esta praga pode atacar uma ampla gama de culturas, incluindo abacate, banana, cacau, café, caju, caqui, citros, feijão, goiaba, maçã, mamão, manga, maracujá, melão, melancia e tomate. A pesquisa identificou microrregiões nas Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste como particularmente vulneráveis. “A presença dessa praga pode levar a barreiras de mercado, impactando transporte, comercialização e exportação”, alerta Mingoti.

 Para a Anastrepha curvicauda, conhecida como mosca-das-frutas-do-mamão, foram identificadas áreas favoráveis em 721 municípios, incluindo estados produtores de mamão e manga nas Regiões Sudeste, Sul e Nordeste. As regiões próximas aos países sul-americanos onde a praga já está presente também foram consideradas vulneráveis.

 A Lobesia botrana, traça europeia dos cachos da videira, afeta uma ampla gama de cultivos, como ameixa, amora, caqui, kiwi, oliveira, pêssego, maçã, nectarina, pera e uva. Os estudos indicaram condições favoráveis para essa praga durante o ano inteiro nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste e na maioria dos meses na Região Nordeste. Na Região Sul, a favorabilidade foi registrada principalmente entre outubro e abril.

Atualmente, não há produtos químicos ou biológicos registrados para o controle dessas pragas no Brasil. Em caso de surtos, seria necessário um processo emergencial de pesquisa e registro, semelhante ao ocorrido com a Helicoverpa armigera em 2013.

A Embrapa realizou um levantamento sobre agrotóxicos e agentes de controle biológico utilizados no exterior para estas pragas, avaliando princípios ativos e impacto ambiental. Para o controle biológico, foram identificados inimigos naturais para cada praga, priorizando espécies já relatadas no Brasil para uma resposta rápida.

Os resultados foram compilados em relatórios detalhados para a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Esses dados ajudarão na formulação de políticas públicas e regulamentações para o controle fitossanitário das pragas. José Victor Alves Costa, coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins (CGAA/SDA) do Mapa, destaca a importância de ter um referencial teórico para facilitar decisões rápidas e eficazes em caso de ingresso das pragas.

 O estudo envolveu diversas unidades da Embrapa e fiscais federais do Mapa, refletindo a colaboração necessária para enfrentar os desafios apresentados pelas possíveis novas pragas.

Pesquisa da Embrapa identifica áreas e períodos favoráveis para o desenvolvimento de insetos-quarentenários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recomendadas a você

Copasa executa obras de melhoria na barragem do rio Viamão
Copasa executa obras de melhoria na barragem do rio Viamão
CRCMG promove seminário de desenvolvimento e capacitação profissional
CRCMG promove seminário de desenvolvimento e capacitação profissional
Programa Procon Mirim avança e distribui material didático
Programa Procon Mirim avança e distribui material didático
HDG promove ações em comemoração ao Dia Mundial da segurança do paciente
HDG promove ações em comemoração ao Dia Mundial da segurança do paciente
BNDES Investe R$ 500 mi no Expansão da FS com recursos
BNDES Investe R$ 500 mi no Expansão da FS com recursos
BNB reduz taxa de juros do Crediamigo
BNB reduz taxa de juros do Crediamigo
Norte de Minas tem 48 municípios habilitados no ICMS Turismo 2025
Norte de Minas tem 48 municípios habilitados no ICMS Turismo 2025
Saúde lança projeto-piloto na cidade
Pessoas físicas podem se cadastrar na plataforma a partir do próximo dia 1º
Reforma de unidades regionais terá recursos de R$ 24 milhões
Senador aponta bom senso na sanção da reoneração da folha
Subsecretário vê necessidade de buscar solução
Secretário do Cimams alerta a população para queimadas
Criança de cinco anos morre após cair de trator
MPF cobra adoção de medidas de prevenção e combate ao HIV/aids
Preços da laranja continuam a subir
Fecomércio MG e deputados na luta para adiar pagamento do IPVA 
Montes Claros receberá investimento de R$ 500 mi 
Sudene busca R$ 1,5 bilhão para reforçar o FNE
Minas Gerais ainda não tem banco com impressões digitais
Sete presos suspeitos demaus-tratos a pacientes