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Vini Jr chora ao relatar luta constante contra o racismo

Um jogo com protagonista bem definido antes mesmo de a bola rolar: Vini Jr. Seja por jogar em casa no Santiago Bernabéu, seja pela relevância que tem na seleção brasileira, seja, principalmente, pelas ações antirracistas, o camisa 7 terá os holofotes voltados para ele no amistoso entre Espanha x Brasil, nesta terça-feira (26), em Madri.

Um jogo com protagonista bem definido antes mesmo de a bola rolar: Vini Jr. Seja por jogar em casa no Santiago Bernabéu, seja pela relevância que tem na seleção brasileira, seja, principalmente, pelas ações antirracistas, o camisa 7 terá os holofotes voltados para ele no amistoso entre Espanha x Brasil, nesta terça-feira (26), em Madri. Justamente por isso, foi Vini quem deu coletiva nessa segunda, no CT do Real.

O painel com a logo da CBF em preto e branco e o slogan “uma só identidade” evidenciavam que a partida tem demandas além das esportivas. E a voz de Vinicius deixou a mensagem evidente: “É cada vez mais triste. Cada vez eu tenho menos vontade de jogar”.

“Acredito que seja muito triste tudo que eu venho passando a cada jogo, a cada dia, a cada denúncia vai aumentando. É muito triste, não só eu, mas todos os negros que sofrem no dia a dia. O racismo verbal é minoria perto de tudo que os negros passam no mundo”

 – Meu pai sempre teve dificuldade por ser negro. Entre ele e um branco, sempre vão escolher um branco. Tenho lutado bastante por tudo que tem acontecido comigo. É desgastante por estar meio sozinho. Já fiz tantas denúncias e ninguém é punido, nenhum clube é punido. A cada dia, luto por todos que passam por isso. Se fosse só por mim e pela família, não sei se continuaria. Mas fui escolhido para defender uma causa bem importante e que eu estudo a cada dia para que no futuro meu irmão de cinco anos não passe pelo que estou passando.

Em entrevista com posicionamentos mais relevantes do que a partida desta terça-feira, às 17h30, contra a Espanha no Santiago Bernabéu, Vini se abriu, chorou e se consolidou ainda mais como referência na causa antirracista.

LUTA CONTRA O RACISMO – “Quero agradecer desde já a todos os jogadores da Espanha que sempre que dão entrevista estão me apoiando, fazendo tudo para que a Espanha mude seu pensamento. Não só a Espanha, em todo lugar tem muito racismo. Espero que a gente possa fazer tudo para diminuir cada vez mais o racismo. Os jogadores da Espanha estão me ajudando muito, falando coisas que no início só eu falava. Sempre peço que Fifa, Conmebol, Uefa possam fazer mais coisas, como a CBF está fazendo, vem me ajudando para que possamos evoluir como seres humanos, para que todos possam estudar para ver o que os pretos passam e passaram. O que eu passo não é nem perto do que todas essas pessoas passaram. Eu quero lutar por aqueles que são pretos.”

ATAQUES NA ESPANHA – “Acredito que eles têm que falar menos de tudo o que eu faço de errado dentro de campo, é claro que tenho que evoluir, mas tenho 23 anos, é um processo natural, saí muito novo do Brasil, não pude aprender tantas coisas. Tenho 23 anos e sigo estudando. Por que os repórteres da Espanha, que são mais velhos do que eu, não podem estudar e ver o que realmente está acontecendo? Cada vez estou mais triste, cada vez tenho menos vontade de jogar, mas vou seguir lutando.”

DE ONDE TIRA FORÇAS? – Acredito que por todas as pessoas que torcem por mim, me acompanham e me mandam cada vez mais mensagens. Vou seguir lutando por eles, hoje tenho uma força grande dentro de mim, da minha casa, da minha família, eles me apoiam em tudo o que vou fazer. Nem todos têm esse apoio, podem vir aqui falar por tantas pessoas. Eu quero seguir por eles, por todas pessoas que sabem o que passo e passei e que sabem que é muito difícil.

O QUE FRUSTRA MAIS? – A falta das punições. Se a gente começar a punir todas essas pessoas que cometem crime e aqui eles não consideram crime, vamos começar a evoluir, tudo vai ficar melhor para todo mundo. Faço tantas denúncias, muitas vezes chegam cartas para fazerem mais denúncias, mas no final acontece como aconteceu com meu amigo em Barcelona, eles arquivam o processo e ninguém sabe de nada. Se a gente começar a punir essas pessoas, não que eles vão mudar o pensamento, mas vão ficar com medo de falar, seja no estádio, onde tem câmeras… e assim vamos diminuir isso, colocar medo naquelas pessoas. E que eles possam também educar seus filhos. Muitas vezes aqui tem criança me xingando e eu não culpo a criança, porque eles não entendem, eu na idade deles não entendia o racismo. É complicado.

– No futebol tem muitas pessoas, tantos jogadores melhores do que eu que já passaram por aqui, eu quero fazer com que as pessoas no mundo possam evoluir, melhorar, que possamos ter igualdade, que num futuro próximo haja

menos casos de racismo, que as pessoas negras possam ter uma vida normal, como as outras. Quero seguir lutando por isso. Se fosse por mim, eu já teria desistido, fico em casa, ninguém vai me xingar, fazer nada comigo… Eu vou para os jogos com a cabeça centrada no jogo para fazer o melhor para minha equipe, mas nem sempre é possível. Tenho que me concentrar muito todos os dias… (Vini chora).

COMO IMAGINA O BERNABÉU? – Vai ser um sonho realizado para mim, poder jogar na minha casa aqui na Espanha, o Bernabéu, com a camisa da seleção brasileira, onde sempre sonhei estar. E pela primeira vez com a torcida contra. Vai ser um duelo muito importante para as duas seleções, algumas das maiores do mundo, faz tempo que não se enfrentam. A gente gosta de jogar contra os melhores, como foi contra a Inglaterra, conseguimos fazer um grande jogo. Hoje tem a preparação para o jogo de amanhã contra alguns companheiros meus, estou muito feliz e ansioso para esse duelo, espero que o Brasil possa sair vencedor.

DICA AO ENDRICK? – Muito feliz de ver o Endrick fazendo o seu primeiro gol na Seleção e eu acompanhando de perto. Encontrei ele com 15 anos e ele tinha os mesmos sonhos que tem agora, de ser muito feliz, fazer grandes coisas no futebol. Ele vem evoluindo a cada dia, amadurecendo, fazendo tantas coisas com apenas 17 anos. Isso é importante para ele, para a família, espero que possa seguir no caminho certo, escutar as pessoas mais experientes que ele, como eu tive o meu processo aqui no Real Madrid, escutar essas pessoas e amadurecer tão rápido. Por chegar aqui com 18 anos, é importante ter essa tranquilidade, é o maior clube do mundo, tem muita pressão, muitas pessoas falando bem e mal de ti. Espero que ele possa fazer tudo de melhor. Se ele estiver bem, eu vou estar bem, se eu estiver bem, meus companheiros estarão bem. Se meus companheiros estiverem bem, o clube vai estar bem. Espero que ele possa ter tranquilidade, vou estar aqui para ajudá-lo em tudo.

COMO SE SENTE UM ANO DEPOIS DE VALÊNCIA? – A cada denúncia, cada vez mais as pessoas me insultam. Eles pensam que estou contra a Espanha, mas não estou contra a Espanha, estou contra os racistas do mundo, de toda parte. Quero igualdade. Depois de um ano, tive muitos contatos, reuniões, conversas com pessoas que querem fazer as coisas evoluírem e outras que só querem escutar o que eu tenho para falar, mas não querem colocar nada para frente. Todo dia tenho que botar minha cara aqui, quem gosta de mim vai falar bem, quem não gosta vai falar mal. Tenho que tentar assimilar isso, pois grandes federações e pessoas importantes no mundo podem fazer isso comigo, mas muitas vezes têm receio. Eu peço ajuda à Fifa, Conmebol, Uefa, CBF, grupos grandes que podem realmente combater isso. LaLiga está evoluindo, tentando melhorar, mas as coisas (leis) da Espanha não deixam eles fazerem tanta coisa. Às vezes é complicado, não posso falar da Liga, eles tiveram reuniões comigo, querem evoluir, mas aqui o racismo não é crime, é meio complicado para eles. Os jogadores também estão me ajudando.

PENSOU EM SAIR DA ESPANHA? – Não tenho pensado tanto em sair daqui. Se saio daqui, dou aos racistas o que eles querem. Vou seguir aqui lutando, jogando no melhor clube do mundo, ganhando títulos, marcando gols, as pessoas vão ter que ver cada vez mais meu rosto. Sigo evoluindo para fazer essas coisas, jogar futebol, dar alegria à minha gente e a todo mundo que vai ao estádio. Os racistas são minoria. Como sou um jogador atrevido, que joga no Real Madrid, ganhamos muitos títulos, é muito complicado, mas vou seguir firme e forte porque o presidente e o clube me apoiam.

Vini Jr chora ao relatar luta constante contra o racismo
Vini Jr. Vincius Junior se emociona em entrevista coletiva ao relatar rotina de insultos nos jogos da Espanha

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