Grande parte dos pacientes atendidos com câncer de pênis nos ambulatórios do Sistema Único de Saúde (SUS) em Montes Claros chega com o tumor em estágio avançado, quando a amputação do órgão é quase inevitável. A informação é do médico urologista montes-clarense Evaldo Jener. Segundo ele, um dos fatores é o tabagismo e a doença acomete pessoas com idades entre 60 anos e também o número de jovens com câncer é preocupante no Norte de Minas, afirma.
Por isso, é preciso que seja feita uma campanha a nível de região, pois o Brasil detém o terceiro lugar em câncer no mundo. O objetivo da campanha é reduzir a doença e o perfil socioeconômico aqui apresenta grande números de casos, alerta Evaldo Jener. “O Norte de Minas possui esse perfil, assim como no Nordeste, principalmente no Estado do Pernambuco e temos preocupado com o número de casos aqui também no Norte e Noroeste do Estado”, salienta.
PREVENÇÃO – Para ele, a prevenção é o melhor remédio e a Sociedade Brasileira do Câncer durante o mês de fevereiro é promovida campanha no dia 4 de fevereiro sobre essas doenças, com destaque para o de pênis. É preciso que todos acometidos pela doença sejam vacinados, alerta o urologista.
Evaldo Jener explica ainda ao NOVO JORNAL DE NOTÍCIAS, contudo, como esta não é uma doença silenciosa e o seu desenvolvimento costuma ser lento, a amputação poderia ser evitada se o paciente procurasse um médico ao notar os primeiros sintomas, porque a doença mutila e poder levar a morte. Montes Claros recebe grande quantidade de pacientes oncológicos diariamente e não “temos números oficiais na região e somente a Secretaria Estadual de Saúde deve ter esses dados diagnosticados em Minas Gerais”, ressalta.
INFORMAÇÕES – O urologista também destaca as principais informações que todo homem precisa saber sobre o câncer de pênis. Jener diz que mudanças na pele, com área que fica mais grossa, alteração da cor, nódulo, ferida que sangra ou não cicatriza, erupção cutânea vermelha sob o prepúcio, pequenas feridas escamosas, crescimento de manchas marrom-azuladas planas, fluido malcheiroso ou sangramento sob o prepúcio e muitos pacientes deixam para procurar o tratamento médico muito tarde. Muitos deles ficam às vezes sem procurar por tratamento e isolados, o que é muito grave, justifica.
Segundo o médico, uma das causas da doença é a falta de acesso adequado à higiene íntima, decorrentes de baixas condições socioeconômicas e de instrução. Fazer a limpeza diária do pênis com água e sabonete é importante para evitar o acúmulo de secreções, que podem causar a proliferação de bactérias e infecções, alerta.
Ao fazer a higiene íntima, é importante expor a glande (cabeça do pênis) para fazer a limpeza adequada. A fimose (excesso de pele que recobre a cabeça do pênis) não permite que a glande seja exposta e, dessa forma, a higienização do órgão fica prejudicada.
Segundo Evaldo Jener, o papilomavírus humano (HPV), transmitido por meio de relações sexuais desprotegidas, é uma das causas da doença, além de também ser responsável por tumores no útero e ânus, por exemplo. Antecedentes de doenças sexualmente transmissíveis, como Aids, também aumentam o risco de câncer de pênis. Por isso, é importante utilizar preservativo, inclusive durante a prática de sexo oral.
Segundo afirma ao NJN, fumar é um fator de risco para câncer de pênis. Se o fumante for portador do HPV, o risco é ainda maior. Sempre que possível, são utilizadas técnicas que evitam a amputação do pênis, a fim de manter a função sexual, a aparência e a capacidade de urinar de pé. Porém, se o tumor é grande ou se encontra em estágio avançado, parte do pênis ou todo ele será retirado. Ou seja, com a detecção precoce da doença, são menores as possibilidades de amputação, conclui.