O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos de Minas Gerais (Sindágua-MG) aprovou, na terça-feira (28), uma greve da categoria para a próxima terça-feira (4), em todo o Estado, por tempo indeterminado. Ao todo, a entidade representa 9.566 trabalhadores. Também na terça-feira, servidores da Copasa e da Cemig fizeram uma manifestação contra a aprovação da PEC na escadaria e no plenário da Câmara Municipal de Montes Claros, onde encontraram respaldo da maioria dos vereadores.
O movimento do Sindágua-MG ocorre após a aprovação pelos deputados da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/23, de autoria do governador Romeu Zema (Novo), que retira a exigência de referendo popular para privatização ou federalização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). De acordo com o presidente do Sindágua-MG, Eduardo Pereira, o objetivo da paralisação é fazer valer a consulta popular como um direito do cidadão.
“O referendo ajuda a equilibrar o poder do deputado com o poder do povo. A partir do momento que a ALMG tira o poder do povo, ela vai tomar uma decisão sobre a vida do povo sozinha”, afirmou.
EXPECTATIVA
Segundo Pereira, a expectativa é de adesão total ao movimento. Uma parcela dos servidores, no entanto, seguirá trabalhando para manter os serviços de tratamento de água e de esgoto em funcionamento. “Até porque não estamos fazendo greve contra a população”, declarou o chefe da entidade sindical. Além disso, não há prazo para o fim da manifestação. “Ou a Assembleia derruba a PEC 24/23, ou nós permaneceremos em greve”, disse Pereira.
O QUE MUDA?
Conforme o presidente do Sindágua-MG, experiências estaduais, nacionais e internacionais têm mostrado que a privatização dos serviços de água é muito ruim para a população. “Em Ouro Preto, a água privatizada aumentou em 200% o valor da tarifa. Manaus, que teve privatização nos anos 2000, vinda com as mesmas promessas de hoje do Zema, se tornou aquela com o pior saneamento entre as maiores cidades do Brasil. Em Cochabamba (Bolívia), que privatizou o saneamento, o consumidor estava tendo que comprometer 25% de sua renda para ter acesso à água, o que gerou uma grande revolta, hoje chamada como a Guerra da Água. A gente não quer esses exemplos aqui”, explicou.
Além das questões financeiras, Pereira defendeu que a privatização da Copasa resultará em água de pior qualidade para toda a população, sobretudo aquela mais carente, pois a execução do serviço torna-se precarizada. Ainda assim, ele afirma que se for para privatizar, que a decisão seja tomada pela população. “Se o povo decidir por isso, que seja por referendo”, encerrou.