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RIO PARDO DE MINAS – O retorno –

Depois de uma tranquila viagem chegamos ao Posto Cordeiro – o ponto final – e o início da cidade.

Depois de uma tranquila viagem chegamos ao Posto Cordeiro – o ponto final – e o início da cidade.

Esperava-nos Geró (marido de minha prima Zaide, irmã de coração).

Já era noite, mas pela janela do Toyota era possível observar as ruas que eu não reconhecia, as casas que, igualmente, eu não reconhecia, as lojas e bares nunca vistos nos quadros que povoavam minhas lembranças. Para minha surpresa, eu estava em uma Rio Pardo de Minas não aquela Rio Pardo de outrora; uma cidade sonolenta que se debruçava ao longo das margens do rio como uma jovem simples e acanhada, uma cidade cujo silêncio era quebrado apenas pelos ruidosos sábados quando o pequeno mercado se apinhava de carros de bois, cavalos, porcos, galinhas e os mais variados produtos da região: requeijão, queijo, frutas, verduras, biscoitos da roça, numa parafernália de sons, cores, cheiros e sabores para todo gosto.

Agora, a Rio Pardo de Minas se fez princesa.

As lojas, as mais lindas e variadas, fazendo a diferença, um novo mercado que nada deixa a desejar, um verdadeiro cartão postal.

Além disso, a princesa subiu o morro destemida, inaugurando mansões, clubes, escolas, estádio, supermercados, lojas, igrejas.

Lá no morro nascia outra cidade, mais programada com traços e requintes de cidade grande.

Não era a Rio Pardo de Minas de minhas recordações, mas fiquei feliz de vê-la assim tão linda, tão engajada no desenvolvimento e progresso e tão voltada às necessidades de seu povo.

Com que alegria abracei meus sobrinhos, meus primos, as esposas de meus primos e os filhos dos filhos, dos filhos de meus primos.

Não pude abraçar minha irmã Dayse, meu cunhado Josa, nem meus tios e tias porque Deus já os havia convidado para o grande banquete celeste.

Uma tia, porém, a tia Benta, estava ali firme, cabelos arrumados, unhas pintadas, vestido bonito, lembrando muito bem de coisas do passado, contando fatos que lhe vinham à memória. Apenas de uma coisa ela não se lembrava, por mais esforço que fizesse: sua data de nascimento (em defesa da vaidade).

Agora era o momento de rever os conhecidos e amigos de meu tempo, ou melhor, rever os poucos que ainda restavam.

Queria revê-los, trocar de ideias, brincarmos com nossas mudanças físicas – marca registrada do tempo – falarmos sobre as tardes de vôlei no campinho onde hoje é o Banco do Brasil, os bate-papos na pracinha da igreja.

A gente se lembraria das longas e cansativas viagens de volta para casa na carroceria dos caminhões para o merecido descanso das férias.

A gente falaria dos ensaios para cantar na missa do galo, dos bailes no mercado velho ao som dos instrumentos tocados com maestria por Cecê, Bebé, Sótão e outros cujos nomes não me vêm à memória neste momento.

Não quer dizer com isso que seria um encontro para lamentar ou chorar o passado.

Passado é passado; passou.

Sufocar nas sombras do passado é sofrer por nada. É gastar energia à toa.

O tempo passou. Com a idade a vida nos trouxe mais segurança, mais discernimento, mais compreensão, mais experiência.

Seria, então, uma troca das experiências vividas; mas não revi nenhum deles.

Pronto; andei por toda a cidade. Uma cidade linda, organizada, feliz.

Agora era voltar para o paraíso chamado “Sítio do Geró”, onde fui recebida com todo o carinho. Um lugar bonito, tranquilo, acolhedor, regado pelo conforto e pela fartura, um ponto de convergência de toda a família que lá encontra amor, solidariedade, estimulo, conselhos, espaço de lazer e alegria.

Zaide e Geró são realmente especiais.

Do alto dos meus 84 anos repassei algumas etapas de minha vida em Rio Pardo de Minas e me senti feliz…, muito feliz.

MAIRE ROSA MESQUITA ANTUNES

Montes Claros/MG, 15 de janeiro de 2024.

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