LOGO NOVO JORNAL DE NOTÍCIAS
[views count="1" print="0"]

PEC das Drogas inconstitucional pode agravar cenário de violência

O Senado aprovou, na terça-feira (15/4), em dois turnos, a proposta que inclui no artigo 5º da Constituição Federal a criminalização da posse e do porte de qualquer quantidade de droga ilícita.

O Senado aprovou, na terça-feira (15/4), em dois turnos, a proposta que inclui no artigo 5º da Constituição Federal a criminalização da posse e do porte de qualquer quantidade de droga ilícita. Especialistas apontam que a medida, além de inconstitucional, deve agravar o cenário atual de violência, encarceramento e desigualdade social. A avaliação é que descriminalizar as drogas e promover uma regulamentação seria uma solução mais eficiente.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) teve 53 votos favoráveis e nove contrários no primeiro turno, e 52 favoráveis e nove contrários no segundo turno. “É a demonstração de que o Senado Federal deu as costas para a Constituição e abraçou essa política de drogas racista, genocida, super encarceradora e que fortalece facções criminosas”, avalia o advogado Cristiano Maronna, diretor do Justa, centro de pesquisa que atua no campo da economia política da justiça.

Para o especialista, a descriminalização e a regulamentação seriam mais eficientes do que a alteração aprovada no Senado. “É essa a direção em que países com democracias de alta densidade estão seguindo. Já o Brasil está no rumo seguido pelas autocracias e ditaduras”, disse o advogado, que é mestre e doutor em direito pela Universidade de São Paulo (USP).

A PEC, que agora será avaliada pela Câmara dos Deputados, foi articulada após o Supremo Tribunal Federal (STF) voltar a pautar o julgamento da descriminalização do porte da maconha para uso pessoal, determinando a diferenciação entre usuário e traficante. Um pedido de vista do ministro Dias Toffolli suspendeu o julgamento em março. A matéria está em 5 votos a 3 para a descriminalização somente do porte de maconha para uso pessoal.

Cristiano Maronna defende que o Supremo, ao votar o tema, está exercendo uma função típica de corte constitucional, que é declarar inconstitucional uma norma jurídica. “Além disso, o Supremo também exerce uma função contramajoritária ao impedir a ditadura da maioria política, quando a maioria política está alinhada para violar direitos fundamentais”, acrescentou.

PROIBIÇÃO – O advogado Erik Torquato, membro da Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas, avalia que a proibição é ineficaz. Segundo ele, a criminalização gera um efeito colateral muito maior do que as próprias substâncias em circulação na sociedade. O especialista defende que a regulamentação é o caminho mais eficiente e racional. “As substâncias que mais causam danos sociais nas famílias e na sociedade, prejuízo ao atendimento público de saúde, não são criminalizadas. E uma política pública eficiente de controle de substância, que é o controle do tabagismo, passou longe da criminalização”, disse.

Membro do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad) e integrante da Rede Reforma, a advogada Cecilia Galicio destaca que não há no mundo precedentes de criminalização constitucional do uso de substâncias.

“Acredito e torço por uma mobilização social não só capaz de reconhecer a indignidade da criminalização, como também em ações que discutam o movimento global de lidar com a questão do uso de substâncias sob a ótica dos direitos humanos, afinal, o tráfico de drogas é internacional, e não há solução local possível sem compreendermos esse fenômeno como um todo”, disse.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recomendadas a você

Ruy Muniz defende campanha de alto nível e propositiva
Ruy Muniz defende campanha de alto nível e propositiva
Amams discute recursos da assistência social
Amams discute recursos da assistência social
Candidato a prefeito da região é o segundo mais rico de Minas
Candidato a prefeito da região é o segundo mais rico de Minas
PT critica a administração e defende campanha propositiva
PT critica a administração e defende campanha propositiva
PT faz opção pela chapa puro sangue
PT faz opção pela chapa puro sangue
OAB firma parceria com o MP para eleições
OAB firma parceria com o MP para eleições
Ruy Muniz anuncia médica como a nova candidata a vice-prefeita
Ruy Muniz anuncia médica como a nova candidata a vice-prefeita
PT vai anunciar o vice nesta quinta
PT vai anunciar o vice nesta quinta
CCJ pode votar mudança de prazos de inelegibilidade nesta quarta-feira
Minas Gerais tem mais de 72 mil candidatos
Juiz eleitoral diz que candidato a prefeito não cometeu crime
Transferência pode ser solicitada até o dia 22
Sudene reprograma FNE e Minas receberá R$ 2,54 bi
MPMG lança terceira fase do Programa Minas para Sempre
Ex-ministro do Turismo comemora a construção do Centro de Convenções
Sudene beneficia indústria da região
Cruzeiro assimila o passado para tentar avançar na Sul-Americana
América defende invencibilidade em casa
Exportações enfrentam queda em faturamento e volume
Simulado do Enem garante vaga em universidades públicas
Sisema discute áreas prioritárias