Já faz alguns anos que os Microempreendedores Individuais (MEIs) aguardam ansiosamente por uma atualização no teto de faturamento anual, atualmente estabelecido em R$ 81 mil. Esse limite, que corresponde a um faturamento mensal médio de até R$ 6.750, foi implementado em 2018 e, desde então, não passou por nenhuma revisão. A defasagem no valor, somada às mudanças econômicas recentes, tem sido motivo de grande preocupação para muitos empreendedores, que lutam para se manter dentro da categoria.
A categoria dos Microempreendedores Individuais foi criada para formalizar pequenos negócios e oferecer uma carga tributária mais acessível para empreendedores em estágio inicial. No entanto, com o limite de faturamento congelado desde 2018, muitos MEIs têm enfrentado dificuldades para continuar enquadrados nesse regime. Com o aumento dos custos operacionais e a inflação acumulada nos últimos anos, o valor atual já não reflete mais a realidade econômica vivida por esses pequenos empresários.
De 2018 para 2024, a inflação e o aumento de preços de produtos e serviços pressionaram o mercado, dificultando a sobrevivência de microempreendedores. Muitos têm visto suas receitas ultrapassarem o limite do MEI não por crescimento real de seus negócios, mas pela própria desvalorização monetária. Como consequência, esses empreendedores são forçados a migrar para outros regimes de tributação mais pesados, como o de microempresas (ME) ou Empresas de Pequeno Porte (EPP), o que pode ser financeiramente inviável.
Em resposta a esse cenário, foi apresentado o Projeto de Lei Complementar (PLP 108/21), que propõe o reajuste do limite de faturamento anual dos MEIs, de R$ 81 mil para R$ 130 mil. Essa correção busca alinhar o teto às condições econômicas atuais, permitindo que mais empreendedores permaneçam na categoria sem serem penalizados pelo aumento do custo de vida.
O novo limite de R$ 130 mil, equivalente a um faturamento mensal de aproximadamente R$ 10.833, representaria um alívio significativo para milhares de microempreendedores. A mudança seria benéfica para quem já ultrapassa o teto vigente, mas não possui condições de migrar para regimes tributários mais caros, mantendo a formalização e contribuindo para a economia do país.
O PLP 108/21 passou por diversas promessas de aprovação, mas o relator do projeto, deputado Darci de Matos, afirmou que a discussão será retomada em novembro, após o encerramento das eleições municipais. Segundo o deputado, o segundo turno das eleições, previsto para 27 de outubro, é um marco necessário antes que o projeto volte a ser debatido no Congresso Nacional.
Embora a previsão de discussão para novembro traga esperança para os MEIs, o deputado ressalta que a aprovação do projeto não será fácil. Isso porque o governo federal teme as consequências econômicas de aumentar o limite de faturamento da categoria, especialmente no que se refere à arrecadação de impostos.