Quanta saudade da “Semana da Pátria” que vivenciávamos na Escola Estadual Professor Alcides de Carvalho (Polivalente). Era uma semana vibrante em que a diretoria e os professores daquela época, década de 1970, nos mostravam a importância de amar o Brasil e valorizar a nossa pátria. Lembro-me bem dos ensaios para o desfile de 7 de setembro, nos perfilarmos para cantar o Hino Nacional antes de entrar em sala de aula e do grande dia: O “Desfile da Independência”.
Embaixo de um sol inclemente, nos dirigíamos a pé, praticamente todo o colégio, ainda não havia ensino médio regular, para a Praça da Matriz. Ficávamos atrás do Colégio Imaculada Conceição e da Escola Estadual Dulce Sarmento, pela ordem. Lá pelo meio-dia, finalmente o bumbo da nossa fanfarra ecoava e iniciava-se o esperado Desfile. Por volta das 13 horas, já estávamos passando em frente ao “Palanque Oficial” na Av. Coronel Prates, em frente à antiga prefeitura, onde hoje se encontra um grande supermercado. Mais à frente, os familiares de Dr. Simeão Ribeiro Pires, da sacada da casa, nos saudavam efusivamente. Mais adiante, as irmãs do Colégio Imaculada nos aplaudiam. Por fim, os Athaydes também nos aplaudiam. A dispersão ocorria em frente à Santa Casa de Caridade.
Ao término do desfile, que ocorrera repetidamente, entre 1974 e 1977 no Polivalente, cansados, mal cheirosos e “morrendo de sede”, finalmente entendíamos aquele “momento mágico” de homenagem à Nação brasileira. Hoje, já maduros, compreendemos, e, saudosos, reconhecemos a importância de se amar a “terra em que nasceste”; embora explorada pelos portugueses, manchada pela escravidão, atrasada muito tempo com analfabetismo e autoritarismo, mas a nossa terra. Nossa terra brasilis. Como dizia Darcy: “Uma mistura mágica do branco, do negro e do índio, fazendo-a uma nova Roma, mais plural e cheia de vida”.
Muito ainda temos que percorrer: vencer as desigualdades sociais, criar mais oportunidade para todos e, principalmente, procurar um denominador comum para que as nossas diferenças sejam superadas em prol do desenvolvimento econômico e social para todos.
Como seria bom se todas as escolas voltassem com a prática de se ouvir o Hino Nacional na Semana da Pátria e colocar o tema como prioridade em todas as atividades.
As últimas eleições dividiram o país. De forma violenta e radical. Uma polarização que transformou adversários em inimigos, correntes ideológicas em extremismos radicais. Nesta semana da pátria poderíamos voltar a ser um pouco criança, um pouco adolescente, e finalmente compreender que, apesar das diferenças, e das nossas convicções, podemos sim: amar nosso próximo, amar nossa pátria, amar nossa família e tentar, pelo menos tentar, fazer deste nosso Brasil um país mais agradável e feliz para se viver.
Basta olharmos cada vez menos para o nosso “umbigo” e cada vez mais para a sociedade. Liberdade! Igualdade e Fraternidade. Independência ou Morte! Que o grito de Dom Pedro às margens do Ipiranga nos liberte de todo egoísmo, todo rancor e todo ressentimento! Que assim seja!!!
(*) Gustavo Mameluque. Jornalista. Especialista em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro. MG