O Laboratório de Comportamento de Insetos (Lacoi) do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG)-Campus Salinas passou a atuar como o primeiro Centro Colaborador de Entomologia no Norte de Minas, para ajudar na identificação de vetores, ou seja, de insetos transmissores de doenças como a dengue.
O fluxo de recebimento de amostras para análise foi pactuado na última sexta-feira (5), em reunião com secretários de saúde da região macronorte, composta por 86 municípios.
A primeira missão do novo Centro, segundo o coordenador, professor Filipe Vieira Santos de Abreu, será fazer a revisão das larvas coletadas pelos agentes municipais de saúde para o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti, o LIRAa. O professor explica que, duas vezes por ano, todos os municípios brasileiros são obrigados a coletar amostras de larvas de mosquitos em uma amostragem de residências. Essas larvas passam por uma primeira análise, nos próprios municípios, para identificar se são mesmo Aedes aegypti ou se trata-se de larvas de mosquito que não representa risco para a transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya.
Parte dessas amostras segue, posteriormente, para o controle de qualidade, que é exatamente a etapa na qual entra em ação o Centro Colaborador de Entomologia. Lá as amostras são checadas por equipe especializada, em equipamentos de maior precisão, para saber se foram corretamente identificadas. De acordo com o Filipe Abreu, no caso dos municípios da região macronorte de Minas, essas amostras eram enviadas para revisão na Secretaria Regional de Saúde em Montes Claros ou na Fundação Ezequiel Dias (Funed), que ficavam sobrecarregadas.
DOENÇAS – Além do Aedes aegypti, o Centro Colaborador de Entomologia do IFNMG-Campus Salinas está capacitado para fazer a identificação dos vetores de outras doenças, como febre amarela, febre maculosa, Doença-de-Chagas e Leishmanioses. “Nossa responsabilidade é realizar a identificação taxonômica, ou seja, a classificação dos insetos vetores, e faltam profissionais com essa expertise no país. É uma ciência que está em extinção”, frisa o professor Filipe. “A partir daí, é possível calcular o risco de transmissão de doenças e direcionar as medidas de controle apropriadas”, explica.
Para implementar o Centro Colaborador, o IFNMG recebeu R$ 200 mil em recursos, pactuados junto à Prefeitura de Salinas, a fundação de apoio FADETEC e o governo do Estado de Minas Gerais, financiador do projeto. Parte do recurso, R$ 50 mil, foi investida na compra de microscópios de alta capacidade e os outros R$ 150 mil são destinados ao pagamento de bolsas para dois alunos e dois profissionais que atuarão no Centro, além da compra de reagentes para o laboratório.
O Centro Colaborador do IFNMG conta com dois profissionais com titulação de doutorado e mestrado em Parasitologia e apoio de dois universitários. “Temos capacidade para realizar cinco mil análises por ano e condições de oferecer três treinamentos anuais envolvendo profissionais de saúde dos municípios”, acrescenta Filipe Abreu.