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Guerras do tráfico se intensificam em Minas e desafiam segurança pública

A cada dia, pelo menos sete pessoas perdem a vida de forma violenta em Minas Gerais. Em meio à chegada de facções criminosas de outras partes do país, a tensão cresce no tráfico de drogas, assim como o risco de enfrentamentos mais violentos entre os criminosos

A cada dia, pelo menos sete pessoas perdem a vida de forma violenta em Minas Gerais. Em meio à chegada de facções criminosas de outras partes do país, a tensão cresce no tráfico de drogas, assim como o risco de enfrentamentos mais violentos entre os criminosos. Um problema ainda não quantificado nos dados, mas já sentido na prática por parte da população e pelas forças de segurança pública que têm intensificado operações nos aglomerados em uma tentativa de barrar a escalada da violência e impedir que os homicídios no Estado cresçam pelo segundo ano consecutivo. Só no primeiro trimestre de 2024, 634 pessoas foram assassinadas no Estado.

Segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), em todo o ano passado, 2.605 pessoas foram mortas em Minas — alta de 4% quando comparado com 2022 (2.495). Apesar de os números não terem apresentado um salto elevado, a situação requer atenção, conforme especialistas.

“A maior parte dos homicídios em Minas Gerais e no Brasil está muito relacionada com as disputas das facções por pontos de tráfico de drogas. Agora, temos o Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Terceiro Comando da Capital (TCC) crescendo no nosso Estado. É bem provável que a inserção dessas facções nas principais cidades esteja elevando as disputas por pontos de venda de drogas e ocupação de espaços territoriais, logo isso vem ocasionando os homicídios”, afirma o especialista em segurança pública Luís Flávio Sapori.

Em nota, a própria Sejusp admite que a atuação das facções é um problema a ser enfrentado. “A atuação de facções criminosas nacionais no estado de Minas Gerais decorre da própria condição de interestadualidade e transnacionalidade do crime organizado. O intercâmbio criminoso entre indivíduos de diferentes localidades, que já era antigo, também foi potencializado com o avanço das tecnologias de comunicação. Há no Estado uma intensificação de esforços das Forças de Segurança para desarticular as facções e neutralizar a expansão de suas atividades em Minas Gerais”, diz.

Desmotivação de policiais agrava o quadro em Minas

Na análise de Antônio Bahia Silva, uma das explicações para o aumento da criminalidade está na desmotivação do policial militar. “Quem está na linha de frente não sente o trabalho sendo reconhecido pelo governo. Outro ponto é a falta de efetivo. Minas tem mais de 20 milhões de habitantes e menos de 37 mil PMs. É um gargalo que, sem sombra de dúvidas, aumenta os índices de crimes”.

A desmotivação dos agentes faz com que eles deixem, segundo o vice-presidente da Aspra, de atenderem as chamadas ‘ocorrências de iniciativa’, que são aquelas que o militar, mesmo sem ter sido acionado, presta o serviço após observar alguma situação suspeita.

“Isso vem ocorrendo, pois a categoria não está tendo a recomposição das perdas inflacionárias. O fator salarial afeta a prestação de serviço. Os criminosos já perceberam que o policial tirou o pé do acelerador e que os agentes não estão abordando tanto. Os reflexos estão nas estatísticas”, comenta.

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) afirmou que utiliza de “todas as estratégias no combate e prevenção à criminalidade” no Estado para a contenção da violência na guerra entre facções. Segundo a corporação, é utilizado o serviço de Inteligência e Tecnologias, além de feitas ações integradas com os demais órgãos de segurança pública, como o Ministério Público e o Poder Judiciário.

“A PMMG esclarece, ainda, que o trabalho da instituição tem sido realizado de maneira efetiva dando destaque ao Estado como sendo o de menor letalidade policial entre os demais da Federação, conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, além de apresentar quedas expressivas de criminalidade”, disse a corporação por meio de nota.

FALTA DE ESTRUTURA – Após o homicídio ter sido praticado, inicia-se a investigação da Polícia Civil. No entanto, ela está comprometida, conforme conta Wemerson Oliveira, presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (Sindpol/MG), pela ausência de modernização. “A situação é péssima. Não temos investimentos em tecnologia, equipamentos, viaturas descaracterizadas. Nas delegacias, os computadores são arcaicos. Sequer temos acesso direto às câmeras do Olho Vivo que são essenciais nas elucidações dos casos. Tudo isso atrapalha a celeridade das investigações”.

Assim como a Aspra, o representante do Sindpol/MG se queixa da falta de efetivo. Ele apresenta um estudo realizado pelo próprio Estado que apontou qual seria o número ideal de policiais civis. “O levantamento realizado entre 2006 a 2008 teve o resultado divulgado em 2011. Ele apontou que Minas Gerais precisava de 17.500 policiais civis, sendo 11 mil investigadores. Este é o profissional que vai a campo levantar as informações que serão essenciais para o trabalho de investigação”.

Atualmente, Minas tem, segundo Oliveira, seis mil investigadores. No entanto, o número daqueles que estão efetivamente na função é menor. “Deste total você tem que descontar aqueles que estão em férias, em licença por questões médicas e sem falar nos que foram deslocados para funções administrativas. Pegando todo o contexto, se muito, temos, no máximo, quatro mil investigadores”, alerta.

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