A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), maior linha férrea em extensão do Brasil, que corta vários municípios do Norte de Minas, entre eles Montes Claros, prevê investir cerca de R$ 30 bilhões com a conclusão da renovação antecipada da concessão. A proposta, já aprovada pela Associação Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), será levada para consultas públicas que ocorrerão entre 30 de setembro e 7 de outubro em várias localidades impactadas pela ferrovia, incluindo Minas Gerais.
Com a assinatura do novo contrato, a empresa prevê destinar 80% do montante – aproximadamente R$ 24 bilhões – para investimentos na infraestrutura da ferrovia e aquisição de vagões e locomotivas. As informações foram divulgadas pela VLI Multimodal, controladora da FCA.
Segundo a controladora, a renovação antecipada vai aumentar em 46% o volume de cargas transportadas durante o novo ciclo da concessão. A partir da medida, o volume de cargas transportadas, que registrou movimentação recorde em 2023 (com 43,8 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU), poderá avançar ainda mais. Segundo o CEO e CFO da VLI, Fábio Marchiori, os avanços poderão beneficiar a indústria e setores estratégicos para a economia, como agronegócio, siderurgia e construção civil, todos atendidos pela malha ferroviária. “Acreditamos que esta renovação possa ser o símbolo de uma nova era de transformação na logística nacional, ao direcionar recursos para a modernização do modal ferroviário”, avalia.
CONFLITOS URBANOS
A partir dos investimentos gerados com o novo contrato, a controladora garante que estão previstos cerca de 10 mil empregos diretos. Também são esperados avanços de 46% na movimentação de matéria-prima e demais produtos nos trilhos. Já os outros 20% do montante – cerca de R$ 5 bilhões – serão destinados a outorga e compensações. O valor, segundo a VLI, será repassado a investimentos na malha, obras de resolução de conflitos urbanos em 35 cidades, além do acesso ferroviário ao Porto de Aratu, na Bahia.
Em resposta à reportagem de o Diário do Comércio, a ANTT afirma que não existem entraves que possam impedir a renoFCA prevê aportes de R$ 30 bilhões Visitando o Buda do Mosteiro Zen Budista, em Ibiraçu, Espírito Santo vação. A agência pontua que a reabertura do processo de participação popular visa apresentar as atualizações e colher sugestões, algo comum aos projetos de concessão ou renovação de ferrovia. Com previsão de término para 2026, a renovação amplia por mais 30 anos, a concessão dos atuais 7,8 mil quilômetros da ferrovia, que atravessam oito estados: Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e o Distrito Federal.
O novo contrato também prevê cerca de 5,7 mil quilômetros de trilhos nos corredores Minas-Bahia e Minas-Rio, além do Centro-Leste, Centro-Sudeste. De acordo com a VLI, a ferrovia também terá a infraestrutura logística ampliada. Os pátios de carga serão realocados e haverá investimentos em soluções para resolução de conflitos rodoferroviários.
Além disso, a renovação da concessão da ferrovia prevê a construção de novos pátios ferroviários em diversas localidades. A medida, segundo a controladora, permitirá maior agilidade e segurança na operação, evitando que composições aguardem o trânsito de trens em sentido oposto.