A perigosa BR-251 é uma das rodovias federais mais movimentadas de Minas Gerais, com um trânsito pesado de caminhões e carretas que viajam do Sul para o Norte do estado. No trecho entre Montes Claros, no Km 523,2, e Salinas, Km 310, havia pelo menos 22 radares, que, depois de retirados por uma empresa contratada anteriormente pelo DNIT, ainda não foram substituídos por outros equipamentos pela nova concessionária.
A reportagem percorreu trechos da BR-251 e constatou que, em vários pontos da rodovia, os radares foram retirados, permanecendo somente a placa de advertência “fiscalização eletrônica”, indicando a velocidade máxima de 60km/h, mas, na prática, sem a existência dos equipamentos.
Um dos trechos da BR-251 onde a fiscalização eletrônica também está resumida ao letreiro na placa é o da Serra de Francisco Sá. Com uma sequência de curvas de pista simples, o segmento em área serrana já foi palco de inúmeros acidentes fatais, envolvendo caminhões, carretas e veículos pequenos. Para impedir a alta velocidade e amenizar os riscos, foram colocados radares no percurso.
Mas, desde abril, os equipamentos foram retirados, aumentando a insegurança e contribuindo para a ocorrência de tragédias, como o acidente ocorrido em 19 de agosto, quando uma van foi prensada entre um caminhão carregado de cocos e uma carreta com uma carga de farinha na descida da serra, deixando seis mortos e nove feridos. A van transportava pacientes de Novorizonte, no Norte de Minas, que pegaram a estrada em busca de tratamento médico em Montes Claros.
Segundo o sargento Isaac Santos, do pelotão do Corpo de Bombeiros de Francisco Sá, a corporação sempre é chamada para atender ocorrências de acidentes no perigoso trecho da BR-251 na serra, a cerca de seis quilômetros da área urbana do município. “Realmente, há um trecho muito perigoso, a gente orienta todos os motoristas a tomarem cuidado, seguirem todas as normas de trânsito e terem cautela ao passar pelo local. O que ocorre é que, muitas vezes, o excesso de pressa resulta em acidentes, tanto na descida quanto na subida da serra”, relata o militar.
“O trecho na Serra de Francisco Sá é perigoso pelo fato de a estrada ter um tráfego muito grande de caminhões e carretas, além de veículos pequenos”, completa o sargento Paulo Brandão, também da unidade do Corpo de Bombeiros de Francisco Sá. Brandão lembra que a rodovia é muito usada por motoristas que viajam em direção ao Sul da Bahia e para o Nordeste. Grande parte deles passa pelo local pela primeira vez, desconhecendo os riscos da pista sinuosa na área serrana.
Já na chegada de Montes Claros permanece a placa de fiscalização eletrônica, informando que a velocidade máxima permitida é de 60km/h. Com a retirada de um radar que existia perto do trevo, os veículos de carga e carros de passeio passam pelo local com velocidade acima de 60km/h, conforme constatou a reportagem.