Em reunião realizada nessa quarta-feira (28) por videoconferência, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) Regional de Montes Claros reforçou com os gestores municipais de saúde e de Núcleos Hospitalares de Epidemiologia, a necessidade de intensificação das ações de vigilância da febre maculosa. Neste ano, dois casos da doença foram confirmados em Montes Claros por meio de exames de sorologia realizados no laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte. Outros dois casos suspeitos também notificados em Montes Claros estão em fase de investigação, com a realização de uma segunda análise de exame laboratorial.
O primeiro caso da doença foi confirmado no final da segunda quinzena de julho. Acometeu um homem de 60 anos que trabalha como supervisor de equipe de maquinário agrícola em zonas rurais. O segundo caso foi confirmado neste mês, envolvendo um homem residente na área urbana de Montes Claros.
“A época do ano é propícia para a proliferação de carrapatos, que são os vetores de transmissão da doença. Por isso, os serviços de atenção primária à saúde de todos os municípios precisam estar atentos quando do atendimento de pacientes com suspeita de terem contraído febre maculosa. Isso porque, ela pode ser confundida com arboviroses (zika, dengue e chikungunya) e num curto espaço de tempo pode evoluir para situação de saúde grave”, alertou a referência técnica do Cievs Regional, Danielly Ribeiro.
MONTE AZUL
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) revelam que entre 2014 e 2024 foram notificados 88 casos suspeitos de febre maculosa em onze municípios do Norte de Minas. No ano passado, dos 39 casos notificados, 37 foram registrados em Montes Claros e dois em Monte Azul.
Já neste ano, 22 casos suspeitos de febre maculosa foram notificados na área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros. Estão distribuídos da seguinte forma: 16 notificações em Montes Claros; três em Claro dos Poções; dois em Engenheiro Navarro e um em Francisco Dumont.
“A notificação de todo caso suspeito de febre maculosa é obrigatória por todos os serviços de saúde. Além disso, a coleta de amostras para análise laboratorial e a condução correta dos atendimentos clínicos é fator primordial para evitar que as pessoas evoluam para situações graves de saúde, com risco de óbito”, observou Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora do Cievs Regional de Montes Claros.
A DOENÇA
Trata-se de uma doença febril aguda, de gravidade variável, que pode cursar com formas leves e atípicas, até formas graves com elevada taxa de letalidade. A doença é causada por bactérias do gênero Rickettsia e é transmitida pela picada de carrapatos infectados.
Os principais sintomas da febre maculosa são: febre; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia; dor abdominal; dor muscular constante; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada cardiorrespiratória.
Os cavalos, canídeos (cães, lobos, chacais, coiotes e raposas), roedores como a capivara e marsupiais, como gambá, têm importante participação no ciclo de transmissão da febre maculosa. Eles podem atuar como amplificadores de riquétsias e/ou transportadores de carrapatos potencialmente infectados. Em Minas Gerais, os principais vetores e reservatórios da febre maculosa são os carrapatos do gênero Amblyomma, também conhecidos como “carrapato estrela”, “carrapato de cavalo” ou “rodoleiro”. Já o agente etiológico mais frequente é a bactéria Rickettsia rickettsii, responsável por produzir os casos mais graves da doença. O tratamento é realizado com antimicrobianos e deve ser iniciado de forma precoce, nas fases iniciais da doença, como forma de evitar complicações e óbitos. Se não tratado, o paciente pode evoluir para um estágio de apatia e confusão mental, com frequentes alterações psicomotoras, chegando ao coma profundo.