O Instituto Estadual de Florestas (IEF) tem se destacado com o Plano de Ação Territorial (PAT) Espinhaço Mineiro, voltado para a conservação das espécies ameaçadas de extinção. Um dos pilares do plano é a ação de Ciência Cidadã, que consiste na promoção de oficinas com o objetivo de envolver a comunidade na identificação e no registro das espécies ameaçadas.
No Norte de Minas, inclui Montes Claros, Francisco Sá, Grão Mogol, Janaúba, Januária, Diamantina, entre outros municípios da Serra Geral. Desde 2023, a ação de Ciência Cidadã tem promovido oficinas em parques municipais de Belo Horizonte e tem gerado resultados. Os trabalhos são coordenados pela bióloga Nadja Simbera Hemetrio, da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB).
Em 2024, a equipe da FPMZB expandiu suas atividades para a região centro-sul do território do PAT, na região da Serra do Cipó. Em junho, por exemplo, oficinas foram realizadas em Belo Horizonte e cidades do entorno, como Santana do Riacho, Jaboticatubas, Morro do Pilar e Itabira (Serra dos Alves), com mais de 100 presenças registradas.
Já no mês de julho, mais quatro oficinas focaram na ciência cidadã e na conservação dos peixes ameaçados da bacia do Rio Santo Antônio (sub-bacia do Rio Doce), em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os encontros ocorreram em Jaboticatubas, Congonhas do Norte (distrito de Extrema), Ferros e Conceição do Mato Dentro (distrito de Tabuleiro), reunindo 102 participantes.
“O engajamento e a participação das comunidades superou as expectativas e só reforça a importância dos atores locais como guardiões da conservação da biodiversidade”, afirma Gabriela Brito, analista ambiental do IEF e coordenadora do PAT em Minas.
O objetivo das oficinas foi apresentar as 24 espécies alvo do PAT, sendo 19 espécies da flora, 3 peixes e 2 invertebrados cavernícolas; o conceito de ciência cidadã e o projeto Biodiversidade do Espinhaço Mineiro criado pela coordenadora Nadja na plataforma iNaturalist, de forma a incentivar o registro de toda a biodiversidade pelos atores locais.
De acordo com Nadja, o sucesso dessas iniciativas depende do engajamento da população.
“A Ciência Cidadã permite que qualquer pessoa, em qualquer lugar, contribua para a pesquisa científica ao submeter informações por meio de formulários ou aplicativos de celulares, tablets ou computadores. Essa abordagem não só amplia o conhecimento dos participantes sobre a biodiversidade, como também fortalece a rede de pessoas comprometidas com a conservação da natureza”, disse a coordenadora das oficinas.
Os registros de espécies são feitos na plataforma iNaturalist, onde os participantes podem enviar fotos ou sons de espécies com a localização geográfica. Esse aplicativo gratuito, utilizado em vários países, permite a identificação das espécies com a ajuda de inteligência artificial e da comunidade de usuários, incluindo especialistas.
Após a validação, os dados são incorporados ao Sistema Global de Informação sobre Biodiversidade (GBIF). Até o momento, 66 participantes já se se inscreveram no projeto.
Os próximos passos envolvem a publicação do “Guia de espécies do PAT Espinhaço Mineiro – Ciência Cidadã”, prevista para agosto, continuidade das oficinas e divulgação do projeto no território. Para mais informações sobre o projeto e como se juntar à iniciativa, acesse o site do iNaturalist: Biodiversidade do Espinhaço Mineiro.
ESPÉCIES
O PAT Espinhaço Mineiro é parte da Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção, no âmbito do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção. O plano abrange uma área de 105.251 km², atravessando os biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. Ele tem como alvo 24 espécies criticamente ameaçadas que não são contempladas por nenhum instrumento de conservação oficial, e seus efeitos positivos beneficiam outras 1.787 espécies ameaçadas na região.