Os cartórios de 1º, 2º e 3º de Ofícios de Notas e 1º de Registro de Imóveis de Montes Claros promovem neste sábado (9), às 9 horas, na Praça do Bairro Major Prates do Programa “Rosas para Joaquina” – Edição 2023 pelo respeito integral à mulher. Trata-se de um projeto que visa abordar questões fundamentais como a violência contra a mulher e seus filhos, desigualdade de gênero e situações que causam o desempoderamento de mulheres e meninas.
O objetivo visa proporcionar um espaço de reflexão de debate sobre questões cruciais que afetam a sociedade, além de homenagear a história de Joaquina, uma mulher cujo destino trágico contribuiu para a criação desse programa.
Durante o evento, serão oferecidas palestras e debates sobre os diferentes tipos de violência contra a mulher, bem como de outros temas relevantes. Terá a disponibilização de um cadastro de mulheres que queiram fazer cursos de capacitação para inserção ao mercado de trabalho.
JAÍBA – Joaquina, de 33 anos era jaibense, viúva e tinha dois filhos: a mais velha, Elisângela, de 17 anos, fruto de seu primeiro casamento, e Eduardo, de apenas 4 anos de idade, cujo pai os abandonou assim que teve conhecimento da gravidez.Ela era uma mulher livre. Não era propriedade de ninguém, como os imóveis o são. Como muitas brasileiras, criou sozinha seus filhos, amou-os e educou-os, enquanto assim foi permitido. E a exemplo de outras mulheres, foi vítima de alguém que, certo de exercer um direito seu, resolveu dar fim à vida de Joaquina e retirá-la daqueles que a amavam.
Em 1999, em Jaíba, no Norte de Minas, Joaquina iniciou um relacionamento com um vizinho, que era viúvo e pai de duas filhas pequenas. No entanto, o relacionamento não deu certo e Joaquina decidiu pôr fim à relação. A partir daí, como ele não aceitou a decisão de Joaquina, ela passou a ser pressionada. Eram comuns falas como: “eu te amo e você tem que ficar comigo”, “você é a mãe que eu preciso para as minhas filhas”, “ninguém vai te amar como eu vou melhorar”, “você também teve culpa”. As pressões ficaram mais intensas e tornaram-se ameaças, inclusive a ponto de ele colocá-la diante de uma arma: “olha o que você me faz fazer”. Em um desses episódios de ameaça, ele só não atirou contra Joaquina porque sua filha, já grávida de 8 meses, colocou-se na frente da mãe.
Diante das constantes ameaças, Joaquina procurou a Delegacia de sua cidade para denunciar o ex-namorado, mas, como naquela época não havia lei que punisse a violência doméstica, ele era sempre solto no dia seguinte, após o pagamento de cestas básicas, e nunca teve sua arma de fogo apreendida. Desamparada e com medo, para estar em segurança, Joaquina já havia decidido se mudar para o Estado de São Paulo após o nascimento do neto. Mas, no dia 23 de novembro de 1999, às vésperas do nascimento do filho de Elisângela, que foi ter o parto na cidade vizinha, ele foi até a casa de Joaquina e a assassinou na frente do Eduardo. Em seguida, suicidou-se.
Joaquina ainda vive no coração dos filhos, Elisângela, que foi ter o parto na cidade vizinha, ele foi até a casa de Joaquina e a assassinou na frente do Eduardo. Em seguida, suicidou-se. 3. Programa “Rosas para Joaquina” ainda vive no coração dos filhos, Elisângela e Eduardo, e em nossos corações! Como não é possível mudar o que lhe aconteceu, hoje, Joaquina é nossa inspiração e nos motiva a conscientizar as pessoas para que histórias de violência como a dela não se repitam.
“Rosas para Joaquina” consiste, exatamente, na ressignificação da história da Joaquina em favor da cultura de respeito integral à mulher feita pela atuação conjunta do Eduardo e de toda a família da Joaquina, da Rosiane, da equipe do 1RIMC e de todos que quiserem participar. A partir da história de Joaquina, objetiva-se promover a sensibilização das pessoas, especialmente mulheres, acerca da violência doméstica, da discriminação por gênero e das diferenças salariais, da importância de mulheres ocuparem posições de liderança, dentre outros temas. Ademais, pretende-se conscientizar sobre as medidas de proteção e amparo à mulher e aos familiares envolvidos, que ficam marcados para sempre pela experiência negativa de ter tido a vida da mãe, filha, irmã ou avó ceifada por alguém.
De acordo com os organizadores, esse Programa também é um exemplo de como os filhos de mulheres que sofreram violências podem se tornar adultos honrados, que, apesar da dor e do sofrimento, escolhem não se esconder atrás do rancor e optam por viver com dignidade e respeito, bem como ter a generosidade de compartilhar as lições aprendidas. O Programa “Rosas para Joaquina” foi lançado oficialmente em 22 de novembro de 2019, na véspera de se completar 20 anos do assassinato de Joaquina. Contudo, desde 2018, Eduardo já tratava da questão da violência contra a mulher no 1RIMC, explicam Nardélio Lopes e Viviane Romaholo, do 1º e 2º Cartórios de Ofício e Notas, respectivamente, ao NOVO JORNAL DE NOTÍCIAS.