Nessa segunda semana de fevereiro, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS), por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), encaminhou a gestores dos 54 municípios que compõem a sua área de atuação alerta epidemiológico com orientações sobre a ocorrência de casos de sarampo na América Latina. O alerta leva em conta “a persistência de baixa cobertura vacinal da primeira e segunda doses da vacina Tríplice Viral (contra sarampo, rubéola e caxumba); o aumento de casos de sarampo em todo o mundo; a ocorrência de casos importados em países da América; ao fluxo migratório de populações vulneráveis dentro do país e a circulação de turistas durante os feriados de carnaval e Semana Santa”.
O Cievs “reforça a recomendação para que todas as Unidades Regionais de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) mantenham os municípios em alerta frente a quaisquer casos suspeitos de doenças exantemáticas febris e na percepção de casos suspeitos, deverão ser notificados e devidamente investigados”.
A coordenadora do Cievs e da vigilância em saúde na SRS de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes explica que “o sarampo é uma doença viral infecciosa aguda, potencialmente grave e extremamente contagiosa. Por isso, todas as pessoas podem contrair a doença e, para evitar que isso aconteça, a vacinação é a melhor medida de prevenção, de controle e de eliminação do sarampo”.
Nas pessoas com idade entre um e 29 anos devem ser administradas duas doses de vacina, sendo a primeira com a tríplice viral aos 12 meses e a segunda aos 15 meses com a tetra viral ou tríplice viral mais varicela. Em pessoas com idade entre 30 e 59 anos deve ser administrada uma dose de vacina tríplice viral, caso a pessoa não tenha sido vacinada anteriormente. Já os trabalhadores da área da saúde devem tomar duas doses da vacina tríplice viral independentemente da idade, com intervalo de 30 dias.
A enfermeira e apoio técnico de imunização na Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, Angra Camila Alves Pereira Andrade observa que entre os 54 municípios que compõem a área de atuação da Unidade Regional, 28 localidades estão com cobertura vacinal abaixo de 95% na aplicação da primeira dose de vacina tríplice viral. Os menores percentuais de cobertura variam entre 46% e 94,57%, conforme dados atualizados em agosto do ano passado. Já com relação à aplicação da segunda dose de vacina contra o sarampo, 40 municípios estão com cobertura abaixo de 95%, conforme preconiza o Ministério da Saúde.
CENÁRIO – O alerta epidemiológico do Cievs-MG explica que após os últimos casos de sarampo notificados em 2015 o Brasil recebeu no ano seguinte a certificação de eliminação do vírus da doença. Porém, em 2018 foram confirmados 9.325 casos da doença e, em 2019 o país perdeu a certificação, dando início a novos surtos e confirmação de 20.901 notificações.
Em 2020 foram confirmados 8.100 casos de sarampo; no ano seguinte ocorreram 676 casos e, em 2022 foram confirmadas 41 notificações. O último caso de sarampo confirmado no Brasil aconteceu em junho de 2022.
“Apesar da melhoria nas taxas de notificação e da cobertura vacinal, essa cobertura não é homogênea e não alcançou as metas estipuladas, assim como as metas de vigilância também não foram atingidas. Por esses motivos, o Brasil não recebeu o Certificado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) de país Re Verificado”, assinala o alerta epidemiológico do Cievs-MG.
Ainda segundo o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, em 2023, na região das Américas, foram notificados 14.884 casos suspeitos de sarampo, dos quais 53 foram confirmados. Na Argentina, no dia 19 de janeiro deste ano foi confirmado um caso de sarampo em um bebê de 19 meses. Já no dia 24 de janeiro passado a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul comunicou o Ministério da Saúde um caso confirmado de sarampo, importado de um país asiático endêmico para a doença. Trata-se de uma criança de cinco anos, não vacinada, que chegou ao país no dia 26 de dezembro do ano passado.
PREVENÇÃO – O sarampo tem como agente etiológico o RNA vírus, pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae, tendo como único reservatório o ser humano. O período de incubação da doença pode variar entre sete e 21 dias. A transmissão de pessoa para pessoa acontece de forma direta, por meio de secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Por isso, todas as pessoas são suscetíveis ao vírus do sarampo.
Os sinais e sintomas são: febre alta acima de 38,5 graus; exantema maculopapular (erupção geralmente avermelhada na pele); tosse seca; coriza; conjuntivite; manchas de Koplik (pequenos pontos brancos na mucosa da boca).
As complicações mais comuns da doença são otite média; diarreia; pneumonia e laringotraqueobronquite. Em países desenvolvidos, óbitos ocasionados pelo sarampo ocorrem em aproximadamente 0,01% a 0,1% dos casos, mas, em países em desenvolvimento a taxa de mortalidade pode chegar a 30%, especialmente em regiões isoladas e sem contato prévio com o vírus.
Para evitar a circulação viral do sarampo a pessoa com suspeita de ter contraído a doença não deve frequentar locais com grande concentração de pessoas (escolas, creches, trabalho, comércio, eventos, entre outros). Medidas de controle devem ser realizadas nos diversos serviços de saúde, dos diferentes níveis de atenção, incluindo as relacionadas à precaução padrão e por aerossol.