Nas últimas segunda (11/3) e terça-feira, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros e o Centro Ambulatorial de Especialidades Tancredo Neves (Caetan), administrado pelo Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), apresentaram a profissionais de saúde das microrregiões de Salinas e Taiobeiras o Projeto de Rastreamento da Doença de Chagas por meio da realização de exames de Eletrocardiograma (ECG). O Projeto é coordenado pelo Centro São Paulo–Minas Gerais para Tratamento da Doença de Chagas (SaMi-Trop) que realiza, desde 2013, pesquisas envolvendo doenças negligenciadas.
O Centro é composto por cientistas colaboradores de quatro instituições de ensino: Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes); Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Universidade Federal de São João Del Rey (UFSJ) e a Universidade de São Paulo (USP). A expansão do Projeto no Norte de Minas conta com a participação de Dardiane Santos Cruz e Sâmara Fernandes Leite, pesquisadoras do SaMi-Trop.
Com atividades previstas para a segunda quinzena deste mês, no período de um ano pessoas residentes em 16 municípios das microrregiões de Salinas e Taiobeiras, que forem submetidas a exames de eletrocardiograma, terão os laudos analisados por sistema de inteligência artificial. Quando forem identificadas alterações sugestivas para a doença de Chagas, um sistema de alerta informará esse resultado aos serviços de vigilância epidemiológica do município de residência do paciente.
Com o resultado do exame laboratorial, a secretaria municipal de saúde deverá proceder a busca ativa do paciente para a coleta de sorologia e encaminhamento de material para análise no laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte. Para os casos de sorologia positiva para a doença de Chagas, o município deverá realizar o registro no Sistema de Agravos de Notificação (Sinan), mantido pelo Ministério da Saúde. Em seguida, caso seja recomendado, o município deverá ofertar ao paciente o tratamento antiparasitário, além de acompanhamento médico.
Além de Salinas e Taiobeiras, o Projeto contemplará pessoas residentes em mais 14 municípios: Fruta de Leite; Novorizonte; Padre Carvalho; Rubelita; Santa Cruz de Salinas; Berizal; Curral de Dentro; Indaiabira; Montezuma; Ninheira; Rio Pardo de Minas; Santo Antônio do Retiro; São João do Paraíso e Vargem Grande do Rio Pardo.
“A expansão do Projeto para os 54 municípios que compõem a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros é muito importante para a saúde pública. Isso porque, temos o objetivo de validar uma ferramenta de rastreamento da doença de Chagas com baixo investimento, porém com alto impacto assistencial e social”, explica João Alves Pereira, coordenador de Atenção à Saúde na SRS.
O Projeto começou a ser implementado em abril de 2023 na microrregião de Monte Azul e, no segundo semestre contemplou cinco municípios da microrregião de Coração de Jesus. Já em fevereiro deste ano a iniciativa foi adotada por seis municípios da microrregião de Francisco Sá. Neste mês, após a apresentação da proposta às microrregiões de Montes Cllaros, Bocaiúva, Salinas e Taiobeiras, o próximo encontro com profissionais de saúde acontecerá dia 18, em Janaúba.
A doença de Chagas é transmitida por diferentes vias, sendo a vetorial que envolve espécies de triatomíneos, insetos chamados popularmente de barbeiros. Estima-se que, no mundo, entre 6 e 8 milhões de pessoas têm a doença e mais de 75 milhões moram em áreas de risco de contágio. Menos de 10% dos casos são diagnosticados precocemente e menos de 1% dos pacientes são tratados e acabam evoluindo para formas crônicas da doença, com comprometimento cardíaco e digestivo.