Foi realizada a 126ª Reunião Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas). Um dos principais pontos discutidos pela diretoria e pelos conselheiros foi a situação crítica na vazão de água do Velhas, em diferentes regiões da bacia. Os membros do Comitê também alertaram sobre a necessidade de ações urgentes e integradas no combate aos efeitos da crise climática, para melhorar a qualidade e a quantidade de água disponível na bacia.
Na abertura da Plenária, a presidenta do CBH do Rio das Velhas, Poliana Vagas, homenageou as vítimas que morreram recentemente após a queda de um helicóptero do Corpo de Bombeiros. “Há exatamente uma semana nós tivemos uma perda irreparável para Minas, com a morte de militares na região do Alto Velhas. Eu quero como presidenta ressaltar o brilhantismo que esses militares sempre tiveram, e também pelo trabalho intenso que fizeram na bacia do Velhas. Nos últimos meses tivemos muitos incêndios intensos ao longo da bacia, e o trabalho desses militares foi fundamental”, afirmou a presidenta do CBH.
Vários assuntos foram discutidos durante a Plenária. Poliana Valgas apresentou aos conselheiros um breve balanço sobre a participação dela como representante do CBH Rio das Velhas no Fórum Mundial da Água, realizado em Bali, na Indonésia, no último mês de maio. “Foi uma oportunidade única de participar dessas discussões a nível mundial. E os temas abordados foram muito interessantes. Nos 14 painéis que participei, vi que o mundo está trabalhando com integração, envolvendo a sociedade civil, mas também as empresas. Ficou muito visível que não se avança na preservação dos recursos hídricos sem o envolvimento de todos os setores. Vimos várias experiências positivas, incluindo um consenso mundial sobre a importância de se trabalhar com a engenharia cinza, a infraestrutura convencional, aliada com a engenharia verde. Sozinhas, elas não resolvem os problemas. Elas precisam estar integradas para que a gente possa mitigar os efeitos climáticos”, destacou.
Também foram apresentados detalhes da participação do CBH Rio das Velhas no Encontro Regional de Bacias Hidrográficas da Região Sudeste (ERCOB Sudeste), entre os dias 8 e 10 de julho. Os representantes do Comitê do Rio das Velhas participaram de três painéis durante o evento e apresentaram as experiências já implantadas na bacia. Na plenária, ainda foram discutidos detalhes da Proposta de Enquadramento dos Corpos de Águas Superficiais.
Os conselheiros votaram a aprovaram a candidatura de Poliana Valgas à coordenação executiva do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas (FMCBH). Também foi aprovada a adesão do CBH do Velhas ao Protocolo de Monitoramento de Governança das Águas, que tem o objetivo de garantir água em quantidade e qualidade para todos os usos. A Câmara Técnica de Planejamento, Projetos e Controle (CTPC) vai ser responsável pela coleta, análise e acompanhamento dos indicadores de governança.
Situação crítica na bacia Na Plenária, a diretoria do CBH Rio das Velhas alertou sobre o cenário preocupante de baixa vazão de água ao longo da bacia. E lembrou que o trecho a jusante da estação Santo Hipólito e a montante da estação Várzea da Palma se encontra em situação crítica de escassez hídrica superficial declarada pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM).
A mortandade de peixes registrada em alguns municípios da bacia também foi discutida. “O rio vinha em uma situação caótica, com uma vazão muito reduzida, pouca água e muita matéria orgânica. E, com a vinda das chuvas, tivemos uma carga pesada de poluição difusa. E neste ano a mortandade de peixes bateu recorde. Isso tem sido potencializado por diversas questões e mostra que temos que avançar muito em relação ao saneamento. Enquanto não avançarmos com políticas públicas para conter e tratar a poluição, dificilmente teremos um cenário diferente ao longo da bacia”, comentou a presidenta do CBH Rio das Velhas.
Em relação à vazão de água na bacia do Velhas, Renato Constâncio, engenheiro de planejamento energético da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), secretário do CBH Rio das Velhas e coordenador do Convazão (Grupo Gestor de Vazão do Alto Velhas), chamou atenção para o baixo nível dos reservatórios. Segundo ele, a estiagem histórica, que durou cerca de cinco meses, causou grandes impactos nos mananciais da região do Velhas. Porém, Renato explicou que as alterações nas outorgas, modificando a vazão residual mínima, ajudaram a manter o reservatório Rio das Pedras quase sempre cheio, ajudando a garantir o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). “Estamos conseguindo contribuir com o abastecimento da RMBH e com a vazão ecossistêmica. Este ano a situação foi bem mais intensa, mas desenvolvemos mecanismos mais eficazes de tomadas de decisão. 2024 foi o ano com mais manobras, talvez o pior dos anos. Agora, com a chuva voltando, esperamos que a situação melhore”, afirmou.