O Ministério Público de Minas Gerais assinou contrato na manhã dessa segunda-feira, 26, com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (Fundep), no valor de R$ 1.080 milhão para a recuperação de veredas degradadas no Norte de Minas. Os recursos são oriundos da Plataforma Sementes, do MPMG. O projeto é uma iniciativa do professor Flávio Pimenta de Figueiredo, elaborado através do Conselho de Veneráveis do Norte de Minas (Convenorte), entidade que congrega a Maçonaria no Norte de Minas. O projeto prevê a recuperação de 100 veredas degradadas na região.
Presidente do Convenorte, o advogado Dalton Oliveira destaca a importância do projeto para o combate à crise hídrica, um dos principais problemas da região. Lembra que ações com este objetivo se iniciaram em outras gestões da entidade e agora apresentam resultados positivos no tocante à garantia dos recursos para viabilizar este projeto, da maior relevância para estimular a produção nesta porção de Minas.
O professor Flávio Pimenta aponta a relevância do projeto, pois recentemente a imprensa mineira fez uma série de reportagens mostrando o drama de veredas em processo avançado de degradação. Lembra que estas veredas foram destacadas em versos e prosas pelo imortal Guimarães Rosa em sua obra literária Grande Sertão Veredas e traduzidas para 50 países.
“Se não ocorrer uma rápida reação, estas veredas correm risco de extinção”, afirmou o especialista em recursos hídricos e professor do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG em Montes Claros. Ele destaca o apoio do procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Junior, que viveu às margens do Rio São Francisco e de imediato, apostou no projeto.
A tecnologia de barragens subterrâneas que Flávio Pimenta criou em 2005 consiste em elevar o lençol freático das veredas. Segundo ele, esta tecnologia foi usada em uma vereda na região de Pandeiros, na zona rural de Januária, onde ocorreu um incêndio que alcançou a vereda. Acionado pelo MPMG para analisar o caso, ele criou a técnica onde o lençol freático é elevado e com isto, regenera a vereda. O mais interessante é o baixo custo desta tecnologia, com custo médio de R$ 50 mil cada barragem. Se feita em parceria, este custo cai para R$ 30 mil.
O procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Junior, ficou impressionado com esta técnica e considera um verdadeiro milagre. Ele pediu apenas que as veredas a serem recuperadas tivessem um laudo do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM). Nesta primeira etapa serão construídas barragens em Januária, São Francisco e São Romão.