Cultuada há 4 mil anos na Índia, a Bíblia cita nem curando leprosos. Portugueses trouxeram século XIX. Anos 90 virou “solução ecológica” contra agrotóxicos. Hoje coloniza cerrado: sementes aladas voam vento, suprimem 40% pastagens nativas, tóxicas para gado. Gera abortos, contamina colheitas orgânicas.
Calçadas arqueadas 30cm desafiam cadeirantes. Tubos PVC explodem sob pressão radicular. Folhas ácidas corroem telhados, frutos entopem galerias – enchentes garantidas. Podas custam R$ 500/árvore/ano à prefeitura. Manejo impossível: cresce 20m, copa densa impede luz solar.
Agricultores familiares perdem milho, feijão pela competição hídrica. Abelhas nativas somem, frutas regionais não polinizam. Propagação rápida ocupa áreas degradadas, travando regeneração natural. Montes Claros reage: só espécies endêmicas daqui pra frente.
Lei manda trocar nims por ipê, aroeira, cajuí – sombra medicinal sem invasão. Parágrafo único prioriza bioma Caatinga. Substituição gradual (10 anos) mantém cobertura verde imediata. Órgão técnico indica flora por ecossistema. Multas virão via decreto executivo.
Cosméticos, chás e bioinseticidas continuam – nim cultivado em vasos ou propriedades privadas. Arborização pública salva: jurema-preta fixa nitrogênio, baraúna medicinal, umbuzeiro frutífero. Turismo ecológico ganha com caatinga autêntica.
O prefeito Guilherme Guimarães sancionou medida aguardada há anos em plena véspera Natal. Montes Claros escolhe o futuro: nativas vibrantes contra exótica destrutiva. O solo vermelho ganha fôlego, biodiversidade respira aliviada. Lei 5.946 planta preservação onde nim matava.
