No Brasil, ainda existem 3,55 milhões de pessoas sem banheiro seguro em casa. Desse grupo, 1,2 milhão vivem em residências sem nenhum tipo de banheiro, enquanto 2,35 milhões utilizam estruturas precárias, como apenas um sanitário improvisado ou um buraco para dejeções (Censo 2022).
É como se a população de uma Brasília ou de uma Florianópolis inteira não tivesse um único banheiro em seus domicílios. Um cenário alarmante, que tem rosto e idade: uma em cada três pessoas que vivem sem banheiro no Brasil é criança de 0 a 14 anos (Censo 2022).
A falta de acesso a instalações sanitárias adequadas compromete a saúde, pois está relacionada a uma série de doenças fatais e evitáveis (DRSAI), além de possuir impactos socioeconômicos significativos, afetando a dignidade e o bem-estar da população.
SEMIÁRIDO
O Brasil tem avançado em relação ao acesso a banheiros e à redução de domicílios cujos moradores defecam a céu aberto, mas ainda prevalece o retrato da desigualdade no território nacional. Para compreendermos a gravidade da questão, basta observar regiões como o Semiárido e a calha do Rio Amazonas, que concentram as situações mais extremas de déficits de instalações sanitárias adequadas, onde a pobreza estrutural se traduz na permanência da defecação a céu aberto.
Esse cenário reflete características históricas e sociais profundas do Brasil, um país marcado por contrastes: enquanto grandes cidades avançam em inovação e infraestrutura, milhões de brasileiros – sobretudo os mais pobres, rurais e periféricos – seguem privados de um direito básico. E a desigualdade sanitária é também desigualdade de oportunidades, de saúde, de dignidade, de cidadania e de qualidade de vida.
Bilhões de pessoas ainda vivem sem saneamento seguro, e 354 milhões continuam praticando a defecação a céu aberto (WHO/ UNICEF, 2025). A Organização Mundial da Saúde (WHO) alerta que a falta de água potável, higiene e saneamento está relacionada à morte de cerca de 1.000 crianças menores de cinco anos por dia. Por isso, desde 2013, as Nações Unidas reconhecem o Dia Mundial do Banheiro, celebrado em 19 de novembro, como um chamado urgente para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6: saneamento para todos até 2030.
Funasa atua para Transformar triste realidade
No Brasil, a Funasa, vinculada ao Ministério da Saúde, atua para transformar essa triste realidade e levar dignidade às famílias com a execução do programa Melhorias Sanitárias Domiciliares (MSD). Por meio da iniciativa, são financiados banheiros completos – com vaso sanitário, lavatórios, chuveiro, reservatório e solução adequada para o esgotamento sanitário – para famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com foco especial em municípios de até 50 mil habitantes, áreas rurais e comunidades tradicionais. Além disso, outros órgãos do governo federal, estadual e municipal, bem como instituições da sociedade civil e organismos internacionais, possuem iniciativas nesse sentido.
Em 2024, a Funasa executou seu orçamento equivalente à construção de cerca de cinco mil módulos sanitários, quantitativo que se repetirá no presente ano. Isso mostra que o desafio de universalizar o acesso a banheiros é enorme e também depende do empenho dos demais entes federativos. Portanto, além de todos os desafios já mencionados, há ainda a necessidade de atuação integrada de todos os que lutam pela causa da saúde e da qualidade de vida da população, buscando assegurar políticas públicas de Estado que acelerem a construção de banheiros e contribuam para o desenvolvimento socioeconômico nacional.
É nesse contexto do saneamento básico que se explicita o papel da Funasa na vida da população brasileira. A premissa é que os banheiros são mais do que uma simples comodidade: são um direito humano e um pilar fundamental da saúde pública, da igualdade de gênero, da resiliência climática e, sobretudo, da dignidade humana.