O aposentado Benvindo Ferreira Oliveira quer celebrar seus 110 anos no dia 10 de agosto em 2024. As marcas do tempo estão claras no rosto, na visão, na pouca audição, mas que permite ainda uma boa comunicação e nas mãos cansadas dos muitos anos de labuta. Benvindo Ferreira tem uma história vivida nos arrozais dos Estados do Paraná, São Paulo, nos municípios de Monte Azul, Mamonas e região da Serra Geral do Norte de Minas, marcada por muito trabalho, determinação e dois grandes amores.
O lavrador que nasceu no dia 10 de agosto de 1914 é sempre festejado pelos seus familiares – 12 filhos, seis de cada uma de suas duas esposas, que teve, além de 47 netos, 81 bisnetos e 21 tataranetos. Ele tem 109 anos bem completos e mora em uma casa antiga, mas confortável, na Praça Francisco Telles, Bairro Pernambuco em Monte Azul.
Benvindo conta à reportagem do NOVO JORNAL DE NOTÍCIAS, que graças a Deus viveu boa parte da vida no Sul do País, São Paulo e depois acabou voltando para a sua terra natal. O idoso foi criado na localidade de Marinho – hoje pertencente ao município de Mamonas, antigo distrito de Espinosa pelos seus pais Carolina Maria de Jesus – José Ferreira do Nascimento e ainda os avós José Sabino e Maria. Ele foi casado com Juvercina Antunes do Anjos e Orercina Maria de Jesus, já falecidas e com as duas, teve os seus filhos, a maioria ainda vivos.
Benvindo Ferreira mostra com as poucas palavras o quanto faz parte desta história pelo amor ao trabalho ao qual dedicou tantos anos de sua vida com a ajuda de dois de seus filhos. Morou em Jacu das Piranhas, na região, onde trabalhou com a lavoura de arroz em uma lagoa, em Monte Azul, hoje aterrada, de feijão, algodão em Gameleira e também como vaqueiro tirando leite de 40 vacas, sendo dono de um barzinho, local onde sempre encontrava com o coronel Levy Souza e Silva, de quem era amigo.
Ele ainda lembra que deu seu primeiro voto conferido ao coronel em Monte Azul, sendo ele um dos líderes da política naquela época, “morava ali e vivi de todo o trabalho, que era na roça, plantava, criava pouco gado, porcos, galinhas, entre outros. Fiquei viúvo por duas vezes”, diz ao NJN.
Benvindo Ferreira parou com a lida na roça por causa da idade e se aposentou há mais de 40 anos. Na época em que foi vaqueiro tocava boiada e fazia outras tarefas pesadas na roça. “Nos tempos mais recentes conheci o prefeito e farmacêutico Paulo Dias Moreira, o Dr. Paulo, desde a sua primeira eleição. De lá para cá, ficamos muito amigos”, revela à reportagem do NJN.
CUIDADOS – Os familiares cuidam do idoso que requer maior atenção por conta da idade. Benvindo Ferreira relata que nesta época da morte de Arabel de Souza Gomes, líder político da época, coronel Levy estava em Belo Horizonte. Ao perguntar sobre a vida dele na juventude, a principal lembrança e também saudade é do trabalho na roça.
“Aqui tudo era mato até no Mercado Central e tinha poucas casas e lembro-me também do ex-prefeito Joaquim Gonçalves Sobrinho, o Joaquim de Dêja, que morava perto de onde está localizada a prefeitura.
No Bairro Pernambuco só tinha uma ruazinha de terra e recorda muito do Mercado Central e também da Estrada de Ferro – que havia o trem de Montes Claros para Monte Azul e que foi desativado em 1995. “Fez muita falta para nós e como fez”, pois os moradores levavam mercadorias para vender e fazer suas compras”, lembra Benvindo Ferreira.