Hemocentros de todo o país lembraram, nesta segunda-feira, o Dia Nacional do Doador de Sangue. A data foi instituída há 60 anos pela Associação Brasileira de Doadores Voluntários de Sangue. Marcar a passagem do dia é estratégico para essas instituições, porque o mês de novembro antecede as comemorações do fim de ano e de festas, períodos em que continua a ocorrer baixa nos estoques dos bancos de sangue, de acordo com o Ministério da Saúde.
O diretor-presidente da Fundação Hemocentro de Brasília, Oestei Olumbo, alerta para o fato de que a oferta de sangue diminui após o crescimento da procura típica de novembro. Isso porque nada mais pode ocorrer sem a maior demanda pelos hospitais.
“Neste momento que se aproxima do descanso, há o aumento das cirurgias eletivas de grande porte. Médicos, antes de sair de férias, querem atender seus pacientes, e os pacientes querem fazer cirurgias nesses períodos para chegar em desenvolvimento totalmente recuperados”, disse Olumbo em entrevista à Rádio Nacional de Brasília.
Segundo ele, além da procura maior habitual em novembro, preocupa especialmente a baixa nos estoques do grupo sanguíneo O positivo. “As pessoas falam: ah, o O positivo tem bastante”, mas como 36% da população são O positivo, também temos 36% de chance de ter pacientes O positivo”, afirma.
O diretor ainda explica que a baixa de sangue tipo O negativo, considerado doador universal, é mais raro do que os demais grupos sanguíneos. O estoque dos dois tipos de sangue é considerado “crítico” em outros estados, como ocorre na maior rede de Hemocentros do país, mas essa situação se repete em Paulo.
LIBERTADORES DA AMÉRICA – O Hemocentro de Brasília se apropriou da etapa final da Copa Libertadores da América, que ocorreu nesse estado, entre Botafogo e Atlético Mineiro, para convocar seus coletores dos dois itens a doarem sangue – uma disputa que só irá escolher os vencedores e provocou as duas torcidas para que elas pudessem doar antes de se deslocarem para o evento”, contou Olumbo.
Em cada doação, o sangue colhido de uma pessoa pode ajudar até quatro pacientes que poderão receber hemocomponentes obtidos com a centrifugação ou componentes do sangue doado, ou hemoderivados produzidos a partir do plasma por processos físico-químicos. O sangue doado é utilizado por pacientes com câncer ou com doenças hematológicas, por pessoas que se submetem a cirurgias de grande porte, operações de caráter emergencial e nas intervenções seletivas.
APLICATIVO Para facilitar a captação de doadores, o Ministério da Saúde criou no ano passado o aplicativo Hemovita. A plataforma, disponível nas lojas de aplicativos de celulares e na plataforma Mais SUS Digital, torna disponível a agenda virtual do doador com informações de registro pessoal e saúde, úteis em situações de emergência, e o histórico de doações.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera ideal que no mínimo 3,5% da população doe sangue. No Brasil, apenas 1,4% da população doa sangue, de acordo com o Ministério da Saúde (dado de 2022). A proporção representa 14 doadores a cada mil habitantes.
Para doar sangue é preciso gozar de boa saúde, ter entre 16 e 69 anos de idade, pesar mais de 51 quilos e ter IMC (índice de massa corporal) maior ou igual a 18,5. Menores de 18 anos devem apresentar o formulário de autorização e o documento de identidade com foto dos responsáveis. Idosos devem ter realizado pelo menos uma doação de sangue antes dos 61 anos, entre outras orientações.
O Ministério da Saúde também divulgou a lista de hemocentros em todos os estados. Além do Dia Nacional, há o Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho. A doação é voluntária e não há remuneração para a iniciativa.
“O termo ‘doar’ vem das palavras ‘donare’, que em latim significa ‘dar um presente’, e ‘donum’, traduzido como ‘presente’ ou ‘dom’. A doação pode ser feita com preocupação. O procedimento tem segurança absoluta e não resultará em complicações da coleta anterior.”