“A audiência pública da Comissão de Minas e Energia atingiu seus objetivos. Além de prefeitos e entidades representativas, participaram do debate com a Cemig dezenas de produtores rurais de João Pinheiro e do Noroeste de Minas Gerais, que apresentaram suas demandas em relação aos serviços prestados à região”. A declaração é do deputado Gil Pereira, do PSD, que preside a Comissão, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, destacando também que os representantes da Companhia “perceberam a necessidade de se garantir prioridade e celeridade às obras de subestações regionais, incluindo a instalação das SEs João Pinheiro 3 e 4 e a ampliação da SE João Pinheiro 1”, disse o parlamentar, citando o Requerimento de Comissão (RQC) 3987/23.
Através do RQC 3983/23, Gil Pereira e outros parlamentares também solicitaram à Cemig que seja realizada, em caráter emergencial, vistoria das linhas de energia elétrica no município de João Pinheiro, diante das reiteradas reclamações dos produtores rurais e consumidores, nesta e em audiências anteriores. Já o RQC 3985/23, também aprovado na reunião, pede que seja realizada audiência pública para debater os problemas relacionados ao fornecimento de energia elétrica e sua qualidade no município de Paracatu (Nordeste do Estado).
PROBLEMAS E PREJUÍZOS – Perda de lavouras e de leite; animais sem ordenha e pivôs de irrigação e outros equipamentos movidos a geradores (diesel) ou parados; usinas solares fotovoltaicas prontas, mas sem conexão à rede elétrica de distribuição. A relação de problemas e prejuízos foi apresentada por produtores rurais do Noroeste de Minas, que reclamam da má qualidade da energia da Cemig na região.
A história do produtor rural Hebert Couto ilustra a de muitos outros: teve prejuízo de R$ 200 mil só com a lavoura de abóbora, em grande parte porque não a irrigou, pois a fazenda não dispõe de energia suficiente para tocar os pivôs. Sua usina fotovoltaica está pronta e deveria ter sido ligada há mais de um ano, conforme contrato quitado com a Cemig.
“Eu pago energia e deixo de receber a que está sendo produzida inutilmente na usina (sem conexão). Ainda pago o empréstimo que fiz para construir sua estrutura. Muitas vezes, falta uma fase na rede e isso queima os motores”, relatou ele. Recentemente, o produtor quase perdeu a outorga de água, justamente porque o sistema de irrigação não está funcionando.
POTENCIAL E GARGALOS – Apesar de apresentarem seus questionamentos, convidados também ressaltaram o grande potencial do Noroeste do Estado para ampliação das áreas cultivadas. “Temos área, temos gente, mas não temos energia”, reclamou o diretor do Sindicato Rural de João Pinheiro, Carlos Eduardo Furtado (Cadu).
A presidente da Associação dos Produtores Rurais e Irrigantes, Rowena Betina Petroll, fez levantamento com seus afiliados, a pedido da Cemig, e encontrou quatro tipos de gargalos: “Produtores sofrem com a qualidade da energia, há os que querem ampliar o consumo e não conseguem, os que fizeram contratos de ampliação e aguardam, além dos que já pagaram os contratos e enfrentam atrasos”.
O prefeito de Paracatu, Igor Pereira dos Santos afirmou que somente naquele município há 700 pessoas convivendo com a oscilação na energia elétrica. Também participaram, dentre outros, o prefeito de João Pinheiro, Edmar Xavier Maciel; o presidente do Sindicato Rural de João Pinheiro, Geraldo Ferreira Porto Neto; o presidente da Agência de Desenvolvimento de João Pinheiro (Adesjop), Arthur Melo; e o presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACE – João Pinheiro), Júlio César Moreira.
CEMIG – O gerente de Relacionamento com Clientes de Geração Distribuída (GD) da Cemig, Marcelo Foureaux, representando o presidente, Reynaldo Passanezi, informou que o plano de investimentos para o Noroeste de Minas Gerais prevê salto de R$ 380 milhões, entre 2018 e 2022, para R$ 820 milhões, de 2023 a 2027: “Porém, das sete subestações previstas para o primeiro período, somente três foram entregues, duas devem ser concluídas neste ano e outras duas, em 2024. A elas vão se somar outras dez subestações projetadas para o ciclo 2023-2027”, afirmou.
O técnico culpou a pandemia pelos atrasos no cronograma do primeiro ciclo. Para João Pinheiro, os investimentos devem sair de R$ 28 milhões para R$ 56 milhões: “Duas novas subestações estão previstas, mas apenas para o primeiro semestre de 2025”, encerrou.