A Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams) realizou reunião na manhã dessa terça-feira, 3, em que debateu a situação de seca no Norte de Minas e constatou que ela se agrava com o caminhar do tempo. O gerente regional da Emater, José Arcanjo Marques, apresentou o relatório agro climatológico que aponta 300 rios e córregos secos na região, além de 21 mil pessoas nos 86 municípios com abastecimento de água comprometido. O relatório serviu de embasamento para a Amams solicitar a intensificação da Operação Pipa junto ao Governo Estadual e cestas básicas junto ao Ministério do Desenvolvimento Social, como também a renegociação das dívidas rurais.
O secretário-executivo da Amams, Fellipe Leal, abriu a reunião destacando que o Norte de Minas saiu de uma seca rigorosa em 2023, que foi a maior dos últimos 30 anos e em 2024 o cenário persiste. Lembrou que o presidente da Amams e prefeito de Padre Carvalho, José Nilson Bispo de Sá, o Nilsinho, foi acionado pelos prefeitos, preocupados com o agravamento do quadro, com tendência de piorar, pois já são 200 dias sem chuvas, situação que deixou o homem do campo ainda mais descapitalizado, com dificuldades para sustentar a família. Fellipe Leal pontuou que os bancos prorrogaram as dívidas, mas sem renegociarcom os produtores rurais melhores condições de pagamento.
No relatório da Emater foi mostrado que neste ano, os índices pluviométricos apontam 605 milímetros na microrregião de Montes Claros. Nas microrregiões da Serra Geral e Alto Rio Pardo o quadro é mais grave.
O relatório mostra 150 dias seguidos sem chuvas e com perspectivas de chuvas somente em novembro, o que contribui para agravar mais a situação, com a falta de água para o consumo humano e de animais. A pecuária apresenta o emagrecimento do rebanho e com um alento, há por enquanto, baixa mortalidade dos animais. O relatório apresenta ainda um desconforto térmico no Norte de Minas, com onda de calor, intensificação da radiação solar, vento seco e baixa umidade relativa do ar. O tenente Franklim Xavier, do 7º Batalhão dos Bombeiros Militar de Montes Claros, apresentou relatório de que neste ano, já ocorreram aproximadamente 600 focos de incêndio no Norte de Minas, com previsão de chegar a 1.000 focos. A corporação montou esquema especial na região de Januária para prevenir e combater os incêndios, visando tentar evitar maiores danos ao meio ambiente.
O professor Flávio Pimenta de Figueiredo, especialista em recursos hídricos do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG, relatou um sério drama causado pela seca nas veredas do Norte de Minas e que em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) será possível construir barragens subterrâneas para socorrer as veredas. O secretário executivo da Amams, Fellipe Leal, reforçou o pedido para que este projeto atenda as veredas dos municípios da área mineira da Sudene mais afetado pela adversidade climática.