A Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) adiou novamente a votação do parecer sobre o Projeto de Lei (PL) 1.202/19, do governador, que autoriza o Estado a aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
À espera de um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a extensão do prazo para a adesão, que teria que ser feita até o dia 20 de dezembro, o colegiado aprovou, nessa terça-feira, requerimento da deputada Beatriz Cerqueira, do PT, para o adiamento da discussão da matéria. Nova reunião da comissão foi marcada para esta quarta, às 9 horas, para possível apreciação do parecer, que já havia sido distribuído em avulso (cópias) aos parlamentares na última semana.
O líder do Governo, deputado João Magalhães, do MDB, afirmou ter sido informado pelo presidente da ALMG, deputado Tadeu Martins Leite, do MDB, que a Assembleia já peticionou uma ação, junto com o Governo do Estado, para a prorrogação do prazo de adesão.
Tadeu Martins Leite solicitou ao presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, do PSD-MG, que acompanha o presidente Lula em agenda na Arábia Saudita, que encaminhasse ao próprio presidente da República e ao ministro da Fazenda, Fernando Hadad, a demanda para que o pedido de adiamento do prazo fosse recebido pelo STF ainda nessa terça.
RECOMPOSIÇÃO SALARIAL – Presidente da FFO e relator do projeto, o deputado Zé Guilherme, do PP, sugere a aprovação de um novo texto (substitutivo nº 5) para aprimorar a técnica legislativa e assegurar, expressamente, a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos mesmo durante a vigência do RRF.
De resto, a sua proposta mantém as alterações promovidas pelo substitutivo nº 4 (outros três foram enviados pelo próprio governador, para atualizar a proposição em virtude de mudanças na legislação relacionada ao RRF), apresentado anteriormente pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
De autoria do governador Romeu Zema, do Novo, o projeto visa à renegociação de dívidas com a União, calculadas em aproximadamente R$ 156 bilhões. De acordo com a proposta, o RRF terá vigência de nove anos, período durante o qual o governo terá que colocar em prática uma série de medidas para alcançar o equilíbrio fiscal e financeiro.
Essas medidas estão detalhadas, com os impactos esperados e prazos para sua adoção, no Plano de Recuperação Fiscal, que precisa ser aprovado e homologado pelo governo federal para que o RRF entre em vigor.
Para viabilizar o plano, algumas medidas constantes no projeto são a proibição de saques em contas de depósitos judiciais, enquanto não houver a recomposição do saldo mínimo do fundo de reserva; a realização de leilões de pagamento, para a quitação de obrigações inscritas em restos a pagar ou em inadimplência; e a redução de benefícios fiscais, no percentual mínimo de 20%.
PRIVATIZAÇÕES E PAGAMENTO DE DÍVIDA – A vinculação de receitas provenientes da venda de estatais ao pagamento dos passivos do Estado é uma das mudanças sugeridas durante a tramitação do projeto que foram mantidas no substitutivo nº 5. Também são estabelecidas ressalvas para viabilizar a celebração de convênios com municípios e organizações da sociedade civil, vitais para o funcionamento, por exemplo, de delegacias e unidades da Emater.
Outra exigência é a destinação dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) conforme determina a legislação. Atualmente, o governo vem sendo acusado de usar esses recursos em outras áreas diferentes da educação.