O governador Romeu Zema, do Novo, vai se reunir na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), nesta quarta-feira, para ouvir empresários mineiros sobre o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 50% sobre os produtos brasileiros, com previsão de começar a viger nesta sexta-feira, 1º de agosto. A medida, de acordo com levantamentos da entidade, terá impacto expressivo na economia do estado. O “Encontro com o Governador: Impacto da Tarifa Americana na Indústria Mineira” será às 16h, na sede da Fiemg, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte.
O evento será fechado, “exclusivo para empresários e líderes setoriais”, disse a Fiemg em comunicado à imprensa. “O objetivo é ouvir do setor industrial mineiro os impactos provocados pela tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos sobre todos os produtos brasileiros exportados ao mercado americano, com vigência a partir de 1º de agosto”, afirma a Fiemg, que marcou coletiva de imprensa para 17h30, para discorrer sobre o encontro.
LEVANTAMENTO – A nova tarifa sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, coloca Minas Gerais frente a um impacto direto em sua economia, segundo análise técnica da Fiemg. Levantamento detalhado quantifica perdas generalizadas para o estado, com destaque para queda no PIB e emprego, diminuição de renda familiar e efeitos em setores exportadores estratégicos.
Minas foi responsável por 11,4% das exportações brasileiras aos EUA em 2024, movimentando US$4,62 bilhões – cerca de 2,3% do PIB mineiro. O café representou 33,1% desse valor (US$1,53 bilhão), enquanto produtos de ferro fundido, ferro e aço responderam por 29,2% (US$1,35 bilhão). Máquinas elétricas, obras de ferro/aço e produtos químicos inorgânicos também figuram entre os itens mais vendidos. A estrutura exportadora é marcada por concentração: os dez principais produtos corresponderam a 87% do total faturado com as vendas para o país norte-americano.
A simulação feita pela Fiemg revela: o choque tarifário pode fazer o PIB mineiro cair até R$6,7 bilhões (0,6%) no curto prazo, atingindo até R$21,5 bilhões (2%) no horizonte de 5 a 10 anos, caso mantida a restrição. O efeito se propaga de forma transversal pela economia: Empregos afetados: menos 58 mil postos formais e informais em até dois anos, chegando a 187 mil na década. Massa salarial: redução de até R$982 milhões no curto prazo e R$3,16 bilhões no longo. Consumo familiar: retração de 0,91% em até dois anos (curto prazo) e 4,41% após cinco anos (longo prazo). Exportações: queda de 6,8% inicialmente, acumulando redução de 4,6% nos anos seguintes. Investimentos: estabilidade inicial, mas corte de 3,19% no longo prazo. Arrecadação: perda fiscal estadual pode alcançar R$567 milhões em dez anos. Siderurgia sofre maior baque; café e manufaturas também caem.
No curto prazo, o setor siderúrgico despenca (-12,5%), seguido por fabricação de equipamentos de transporte (-10,1%) e produção de minerais não- -metálicos (-3,8%). O impacto forte nas cadeias exportadoras desloca o efeito recessivo para segmentos de serviços, comércio e construção civil, que passam a sofrer no longo prazo – inclusive atividades imobiliárias, saúde e educação privada, por conta do efeito cascata da perda de renda das famílias.
IMPACTO MAIS FORTE – A análise regional detalha que as perdas concentram-se nas regiões Central, Sul e Vale do Aço, que juntas são responsáveis por mais de 70% das exportações mineiras aos EUA. Munícipios como Guaxupé e Varginha café) e Sete Lagoas e Belo Horizonte (siderurgia) lideram em vendas aos americanos.
Apenas Guaxupé e Varginha totalizaram US$700,9 milhões em vendas de café ao mercado americano em 2024, representando quase metade do total estadual no setor.