A região Norte de Minas tem sido uma das mais castigadas do estado na última década, enfrentando longos períodos de estiagem. Um relatório agroclimático da Emater-MG aponta que, de janeiro a agosto deste ano, cerca de 170 mil famílias de agricultores foram diretamente afetadas pela seca. O estudo na região também identificou o secamento de mais de 300 cursos d’água, incluindo córregos, rios e reservatórios.
Como parte das ações de convivência e mitigação dos efeitos da seca, a Emater-MG está orientando mais de 50 mil produtores na produção de alimentação energética para o rebanho bovino. Entre as iniciativas, estão o plantio de forrageiras, a confecção de silagem e o incentivo ao cultivo de culturas mais adequadas à região, como sorgo forrageiro, palma, mandioca e cana-de-açúcar. Essas ações abrangem 225 municípios, incluindo os vales do Mucuri e Jequitinhonha.
Outra medida implementada nesses locais, em parceria com as prefeituras e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), foi a abertura de 8,6 mil bacias de captação de água da chuva e a construção de 257 quilômetros de terraços, nos últimos dois anos. Mais de 2 mil hectares ocupados com área de pastagem e de cultura foram conservados com as ‘curvas de nível’.
“Estimamos que esse conjunto de ações vai proporcionar a retenção e infiltração de mais de 12 milhões de metros cúbicos de água por ano”, afirma o gerente regional da Emater-MG em Montes Claros, José Arcanjo Pereira. Ele lembra que a Emater-MG da região também apoia os produtores na obtenção de crédito rural emergencial, na orientação técnica em projetos de abastecimento de água e nas negociações com instituições financeiras.
Em janeiro de 2024, a empresa também realizou a doação de sementes de feijão para agricultores familiares afetados pela forte estiagem do ano anterior. Mais de 12 mil famílias foram beneficiadas, principalmente das regiões Norte, Noroeste e dos vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce. Cada família recebeu dez quilos de sementes.
QUEIMADAS – A seca prolongada, aliada ao aumento das temperaturas este ano, foi um ambiente propício para o grande número de focos de queimadas em todo o país. Um levantamento feito pela Emater-MG mostra que, de julho a setembro, o fogo atingiu 110 mil hectares de pastagens em Minas Gerais. A área representa 0,5% do total do estado ocupado com pastos.