[views count="1" print="0"]

Tratar “saidinha” como problema é medida eleitoreira, diz sociólogo

A recente mudança na legislação sobre o direito às saídas temporárias de presos em regime semiaberto, as chamadas "saidinhas", tem recebido atenção de governos como questão fundamental para a segurança pública.

A recente mudança na legislação sobre o direito às saídas temporárias de presos em regime semiaberto, as chamadas “saidinhas”, tem recebido atenção de governos como questão fundamental para a segurança pública. Essa atenção vem na esteira da reforma da Lei de Execução Penal, promovida com a discussão célere do PL 14.843/2024, feita de forma “demagógica, eleitoreira e que representa grande retrocesso”, de acordo com Benedito Mariano, sociólogo e ex-ouvidor das Polícias de São Paulo. Aprovada no primeiro semestre, a mudança na legislação teve contestação no Judiciário e aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), em relação à proibição do benefício para fim que não seja o de estudar.

Além da proibição das saídas temporárias o projeto alterou a forma como ocorre a progressão de penas, o que é o ponto mais problemático, segundo Mariano. “Trata-se de um absurdo, pois não temos esse exame, na prática, nos últimos 20 anos, e há um potencial para criar o caos no sistema. É uma medida que não ajuda em nada a segurança pública, o sistema prisional e tende a criar dificuldades para o governo federal, pois pode gerar tensão no sistema, que já é superlotado e precisa de outras medidas”, comenta o sociólogo.

Mariano esclareceu que se desenha uma situação complexa, que deve exigir muito das autoridades já em dezembro, pois o sistema é superlotado e sofre de defasagem de profissionais qualificados para realizar os exames criminológicos, agora necessários à progressão. O especialista criticou inclusive a posição dos partidos da situação, que não tentaram barrar essa questão nem nas votações nem na proposição de vetos por parte do Executivo.

Para Benedito Mariano, o cidadão não ganha nada com esse tipo de legislação e com a divulgação de prisões durante as saidinhas, que não informam sobre a função social da lei. As regras previstas, que tinham quatro décadas, já estabeleciam muitos critérios.

“Passou-se a ideia de que a saidinha é para todos os presos, o que não é verdade. Ela não interferiu e não interfere em nada na segurança pública. Temos no Brasil mais de 46 mil mortes violentas por ano e essa lei não influencia em nada, apenas joga uma questão técnica para o senso comum”, completou. Ao rebaixar o diálogo, perde-se um ponto essencial na Lei de Execução Penal, explicou o sociólogo, a de que a pessoa possa cumprir sua pena e voltar para a sociedade reabilitada. O temor do estudioso é de que isso possa ser o estopim para instabilidade nas prisões já em dezembro.

O benefício é previsto na Lei de Execução Penal e tem quatro datas previstas durante o ano no estado, nos meses de março, junho, setembro e dezembro. O tema foi intensamente debatido no começo do ano, com pressão de partidos de oposição, principalmente o Partido Liberal (PL) contrários ao direito.

Aprovado nas duas câmaras, a decisão, parte da Lei 14.843/2024, foi vetada pelo presidente Lula. O Senado derrubou o veto em 28 de maio, acompanhando a votação da Câmara dos Deputados. Hoje, o benefício é garantido aos que tinham o direito antes da mudança da lei, questionada em três ações diretas de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, onde aguarda julgamento.

A recente mudança na legislação sobre o direito às saídas temporárias de presos em regime semiaberto, as chamadas "saidinhas", tem recebido atenção de governos como questão fundamental para a segurança pública.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recomendadas a você

Cão Zeus encontra buchas de maconha dentro de lata e saco
Cão Zeus encontra buchas de maconha dentro de lata e saco
Dupla apreendida vendendo drogas em frente a uma adega
Dupla apreendida vendendo drogas em frente a uma adega
Suspeito escapa da polícia pulando muros e telhados
Suspeito escapa da polícia pulando muros e telhados
Motorista morre após capotar caminhonete
Motorista morre após capotar caminhonete
Oito quilos de maconha apreendido em ônibus que vinha de SP para MOC
Oito quilos de maconha apreendido em ônibus que vinha de SP para MOC
Motociclista executado com cinco tiros
Motociclista executado com cinco tiros
Larápio furta em construção da mãe de policial e acaba preso
Larápio furta em construção da mãe de policial e acaba preso
Preso suspeito de matar jovem e esconder corpo dentro de poço
Preso suspeito de matar jovem e esconder corpo dentro de poço
Mau cheiro leva a cadáver de homem dentro de casa
Homem encontrado morto dentro de poço
Inabilitado, foragido da Justiça é recapturado dirigindo alcoolizado
Casal ferido em acidente continua em estado grave
Batida entre caminhão e moto deixa casal ferido
Capturado em Januária suspeito de homicídio em MG e São Paulo
Motoqueiros tentam fugir da PM e acabam caindo em vala
Acusado investigado por divulgar cena de sexo sem autorização
Servidor municipal leva teatro para as escolas públicas
Comunidades rurais comemoram chegada de água tratada na região
Sistema Faemg Senar, Seapa e forças de segurança de Minas Gerais anunciam Agenda Positiva para Segurança no Campo 
Professores moçambicanos participam de intercâmbio
Secretária de Saúde reforça que o enfrentamento constitui um desafio