O Brasil é considerado um dos países com maior diversidade no mundo em todos os aspectos: seja cultural, racial ou social. Uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelou que a maioria das instituições brasileiras está preocupada em ampliar essa diversidade no ambiente de trabalho.
O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), que atua fortemente em ações voltadas à redução de desigualdades socioeconômicas no semiárido brasileiro, também tem atuado para garantir a diversidade no ambiente de trabalho da Autarquia.
O Dnocs participa do Comitê Permanente de Gênero, Raça e Diversidade instituído pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR). O colegiado é composto por órgãos do Ministério, Dnocs, Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). O objetivo é transversalizar a igualdade de gênero, étnico-racial e o respeito à diversidade na elaboração de políticas públicas de integração e desenvolvimento regional.
“Somos uma sociedade diversa e garantir esse conceito de pluralidade no ambiente de trabalho é assegurar respeito às diferenças e oferecer oportunidades, independente das características individuais relacionadas ao gênero, idade, cor, classe social ou cultura.
Na opinião de Denise Barros de Oliveira, administradora lotada no Serviço de Contabilidade da Diretoria Administrativa do Dnocs e que representa a Autarquia no Comitê Permanente de Gênero, Raça e Diversidade do MIDR, os estudos demonstram que um ambiente diverso e inclusivo tende a estimular mais criatividade às pessoas no trabalho, melhora a motivação e a qualidade de vida de funcionários, repercutindo consequentemente nos objetivos institucionais.
Além de ampliar essa diversidade no ambiente corporativo, é preciso criar oportunidades em um ambiente em que as diferenças não representem empecilhos para o crescimento profissional ou desempenho das atividades. Segundo ela, a sociedade deve diminuir as desigualdades historicamente enfrentadas pelos grupos como mulheres, negros, pessoas com deficiências, idosos, entre outros segmentos sociais classificados como “minorias”. “Isso ajuda a inclusão de todas as pessoas, além de combater o preconceito e a discriminação”, avaliou Denise.
A representante do Comitê lembra ainda que existem várias legislações que asseguram direitos, como a Lei das Cotas, o Estatuto da pessoa com deficiência ou a Lei Brasileira de Sinais (Libras), que procuram integrar mais pessoas no ambiente do trabalho, garantindo assim mais dignidade, de modo a refletir na própria sociedade.
Mas na avaliação de Denise, para garantir essa diversidade de fato é preciso ir além do que apenas seguir o que as leis preconizam. “Os gestores devem se aprofundar nessas temáticas, capacitarem-se e buscar meios de promover a diversidade no trabalho, como por exemplo, incentivar a realização de eventos de capacitação, estimular contratações com foco na diminuição da desigualdade de gênero e raça, dentre outros”, pontuou.
Ilmacir Machado é a responsável pelo Setor de Desenvolvimento de Pessoas/Dnocs e também uma pessoa com deficiência física. Ela sabe como ninguém quantas barreiras precisou transpor para conquistar o espaço que ocupa hoje enquanto pessoa e profissional. “Sou servidora pública, sou voluntária na ABRH/ CE, faço palestras, mediação de conversas em empresas e onde mais precisarem de minhas vivências. Sou muito provavelmente uma das poucas mulheres do Brasil com deficiência física em posição de liderança”, destacou.
LEGISLAÇÃO
Na opinião dela, apesar dos avanços na legislação que permitiram uma maior inclusão, ainda são muitos desafios que precisam ser superados para garantir verdadeiramente um ambiente que acolha e inclua a diversidade, inclusive no campo profissional.
“Ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar uma verdadeira inclusão social e profissional. Práticas inclusivas continuam incipientes em diversos setores como escolas, empresas e na sociedade em geral. O capacitismo, caracterizado pelo preconceito contra pessoas com deficiência, persiste, manifestando-se em atitudes discriminatórias que desconsideram as capacidades individuais”, lamentou Ilmacir.
Ela acredita que a construção de um ambiente mais diverso, que respeite de fato as diferenças, deve ser baseado em fortalecer o que une as pessoas, não no que as difere. “Meu convite é: vamos naturalizar as características diferentes que temos entre nós?”, disse. “Se você conhece uma pessoa com deficiência, você não precisa ter pena dela ou tentar apagar a deficiência dessa pessoa. O certo é que naturalizamos essa característica assim como várias outras, o que cada pessoa tem e que a distingue das demais. A diversidade é assim: nos une ainda mais e nos aproxima da inclusão de verdade”, completou.