O feriado prolongado da Semana Santa deste ano teve aumento de 161,82% no número de flagrantes de embriaguez ao volante nas rodovias federais que cortam o Estado. O dado, conforme apontam autoridades e especialistas, configura desrespeito às leis de trânsito e deve seguir de alerta. Com relação aos números de mortes e os acidentes, houve um decréscimo nos índices, segundo a Polícia Rodoviária Federal — na comparação do feriado deste ano com o do ano passado. Entre quinta- -feira (28/3) e domingo (31/3), foram 119 acidentes — com quatro mortes e 119 feridos. Em 2023, foram 113 acidentes, com 163 feridos e 10 óbitos.
Nos quatro dias, 144 motoristas foram flagrados dirigindo embriagados, frente a 55 no ano anterior. Doze foram presos. Dirigir sob efeito de álcool está previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), tanto como infração (artigo 165) quanto crime (artigo 306). A diferença está na quantidade de álcool no organismo do motorista. Se for superior a 0,3 mg/L, é crime de trânsito e resulta em prisão. As duas são como infração gravíssima (7 pontos na CNH) e penalizadas com suspensão do direito de dirigir por 12 meses.
“O número de motoristas presos por esse motivo [embriaguez ao volante] foi bastante expressivo”, reconhece o inspetor da PRF, Aristides Junior. Também seguem altos os desrespeitos às leis de trânsito. Segundo a instituição, foram 2.919 infrações de excesso de velocidade e 424 autuações por ultrapassagem proibida nas rodovias federais que cortam o Estado; em 2023, foram 3.281 e 390, respectivamente. “Essas condutas colocam em risco não apenas os ocupantes do veículo, mas os demais usuários da rodovia”, reforça a instituição.
ANÁLISE DE ESPECIALISTA – Especialista em trânsito, Silvestre Andrade analisa que o “fator humano é o mais preponderante para os acidentes”. “A imprudência continua muito acentuada”, analisa. Conforme os dados da PRF, a redução no número de veículos fiscalizados entre 2023, quando foram mais de 8 mil, e 2024, com 6,1 mil, reforçam o desrespeito dos motoristas com relação às leis de trânsito.
“Se o esforço de fiscalização é o mesmo [ou menor, neste caso], significa que mais pessoas infringiram a legislação de forma grave, com ingestão de bebida alcoólica e colocando a própria vida e as vidas de outras pessoas em risco. Não deveria haver nenhum caso de desrespeito à legislação de trânsito”, analisa o especialista, reforçando que muitas vezes os casos de imprudência só são “descobertos quando o pior acontece”, como em um acidente grave com vítimas.
Além do fator humano, o especialista reforça a importância da manutenção em dia dos veículos. “Quando se combina esses fatores à malha rodoviária de Minas Gerais, que é muito grande, a maior do Brasil, a possibilidade de acidente aumenta. Tanto é que são programadas mais ações de fiscalização”, reforça o especialista.
MANUTENÇÃO EM DIA – Além dos fatores humanos, com respeito ao cansaço, os carros devem estar com a manutenção em dia, em condições para viajar. Os pontos de alerta, conforme o tenente André Muniz, do Comando de Policiamento Rodoviário da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), estão relacionados aos equipamentos obrigatórios do veículo, como luzes, espelhos e limpadores de para-brisa.
“Leve o carro a um mecânico de confiança. É importante fazer revisão e verificar os equipamentos obrigatórios. No caso dos limpadores de para-brisa, algumas vezes os motoristas só descobrem que o sistema está ruim quando estão na estrada, com tempestade. Isso é muito perigoso”, alerta.
Os pneus são outro ponto que requer toda atenção dos condutores. Além da calibragem — que deve ser feita com os pneus frios —, é preciso ficar atento aos sinais de desgaste dos pneus. Para isso, recorra ao chamado TWI, sigla para “Tread Wear Indicator”, que em tradução do inglês para o português significa “indicador de desgaste da banda de rodagem”.
O TWI é um pequeno marcador, em forma de saliências ou barras, localizado na banda de rodagem. Quando a banda fica nivelada com os marcadores, é um sinal claro de que os pneus precisam ser substituídos. Andar com os pneus desgastados é ainda mais perigoso no período chuvoso, devido ao risco de aquaplanagem.