Com mais de 1 milhão 116 mil casos prováveis de dengue notificados neste ano em Minas Gerais, dos quais 479 mil 958 casos foram confirmados até o dia 19 deste mês, a pior epidemia de arboviroses já registrada no estado entre 2010 e neste ano foi tema de videoconferência envolvendo a Coordenadoria de Vigilância em Saúde da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS), alunos e professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
A videoconferência foi conduzida terça-feira (23), por professores da disciplina doenças infecciosas e parasitárias, com a participação de Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora de vigilância em saúde e do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) na SRS.
Entre algumas das conclusões do evento foi evidenciada a necessidade da integração de ações entre as instituições de ensino superior e de pesquisa com a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES- -MG) para o desenvolvimento de ações conjuntas voltadas para entender as mudanças do cenário das arboviroses.
Os profissionais avaliam que, além do mosquito Aedes aegypti já ter criado resistência a inseticidas aplicados com a utilização de equipamentos de Ultra Baixo Volume (UBV) veicular, estão ocorrendo mudanças nas manifestações clínicas das doenças, com aumento da gravidade dos sintomas, prolongamento do tempo de recuperação dos pacientes e ocorrência de óbitos envolvendo pessoas mais jovens e sem comorbidades.
Ao apresentar o cenário das arboviroses, Agna Menezes lembrou que neste ano o Estado enfrenta um cenário até então nunca registrado.
“Entre o final de fevereiro e início de março tivemos um pico de mais de 120 mil casos de dengue notificados no estado em apenas uma semana. O pico mais alto até então registrado foi de 40 mil casos em uma semana. Atualmente estamos com mais de 1,1 milhão de casos de dengue notificados em Minas Gerais, dos quais mais de 479 mil já foram confirmados por meio de exames laboratoriais. Além disso, neste ano o estado contabiliza mais de 8,2 mil casos de dengue grave; 280 óbitos confirmados e 715 em investigação”, pontuou a coordenadora.
Apesar de nas últimas quatro semanas ter ocorrido a redução do número de casos notificados de dengue em Minas Gerais, a incidência continua alta, com mais de 500 casos por 100 mil habitantes em grande parte dos municípios mineiros, lembrou Agna Menezes.
Com base em dados repassados ao Cievs pelos municípios, a coordenadora observou que no Norte de Minas apenas Verdelândia apresenta média incidência de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Os demais 85 municípios estão com alta ou muito alta incidência.
Por outro lado, de um total de 73 mil 741 casos de dengue notificados neste ano no Norte de Minas, 16 mil 243 casos foram confirmados por meio de exames laboratoriais; ocorreram 258 casos graves de dengue ou com sinais de alarme; dezoito óbitos foram confirmados e 19 estão em investigação. Os municípios com óbitos confirmados são: Montes Claros e Januária (5 casos em cada localidade); Bocaiúva (3); Engenheiro Navarro, Salinas Pirapora, Várzea da Palma e Buritizeiro (um óbito em cada município).
O cenário das arboviroses neste ano no Norte de Minas também aponta que 96% dos casos de dengue notificados em 54 municípios da área de atuação da SRS de Montes Claros tiveram como causa o sorotipo 1 (96%) e o restante o sorotipo 2. Porém, por meio de isolamento viral, foi detectada a circulação do sorotipo 3 da dengue no município de Salinas.
Quanto à febre chikungunya, até o dia 19 de abril o Norte de Minas contabilizou 2 mil 845 casos notificados e 478 confirmados. Já em relação à zika há 37 casos prováveis da doença na região, dos quais dois foram confirmados.