O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Tadeu Martins Leite, o Tadeuzinho, do MDB, abriu nessa sexta-feira a etapa estadual do Seminário Técnico Crise Climática em Minas Gerais: desafios na convivência com a seca e a chuva extrema, ressaltando a importância do momento para dar conhecimento ao trabalho desenvolvido pelos grupos temáticos após sete encontros regionais realizados pelo Estado.
Ao mesmo tempo, Tadeu Leite frisou não se tratar apenas de uma etapa final do seminário, lançado em 14 de março, mas de um ponto de partida. “Esse é o ponto de início do nosso trabalho, pois foram mais de 300 diretrizes alinhadas até aqui nos grupos temáticos. Agora nos debruçaremos sobre elas e construiremos um plano de ação para ser posto em prática. Todos os deputados estão juntos nessa missão, não interessa a questão partidária”, afirmou.
Segundo o presidente, as diretrizes serão copiladas e, uma vez pronto, o plano de ação será tornado público nos próximos meses, num outro evento a ser realizado na ALMG. Tadeu Leite frisou que o seminário mobilizou mais de 70 instituições parceiras, tendo sido uma oportunidade não só para apontar problemas e buscar soluções, mas também para conhecer em torno de 25 boas práticas já existentes em Minas na convivência com extremos climáticos.
Também na mesa de abertura da etapa estadual do evento, a deputada Leninha, do PT, 1ª vice-presidente da Assembleia Legislativa, ressaltou a coragem do Legislativo de priorizar no seminário um tema tão relevante mas também espinhoso porque, segundo ela, ainda há quem não acredite na existência de uma crise climática e nos impactos das atividades econômicas no meio ambiente.
“Além do Legislativo, o governo do Estado também precisa adotar os indicativos do plano de ação resultante do seminário, por meio da execução de programas com orçamento assegurado”. A importância de garantir o orçamento para ações de convivência com os extremos climáticos também foi destacada pelo deputado Gil Pereira, do PSD. Ele ainda ressaltou que Minas já responde por mais de 20% da energia fotovoltaica produzida no Brasil, importante para a sustentabilidade ambiental por se tratar de energia limpa, conforme destacou.
Defendendo por sua vez que é preciso “deixar de lado a arrogância e ouvir a natureza”, o deputado Leleco Pimentel, do PT, avaliou que o seminário trouxe diretrizes importantes e que ações futuras precisam se voltar também para atividades econômicas de grande impacto como a mineração, que, segundo ele, estaria comprometendo a segurança hídrica e alimentar de territórios mineiros e de suas populações.
Preocupação semelhante foi manifestada pela deputada Bella Gonçalves, do Psol. Segundo ela, mudanças climáticas e interferências da economia na natureza produzem desastres socioambientais e agravam riscos de novos, a exemplo dos rompimentos de barragens de rejeitos de mineração já ocorridos em Minas.
A deputada Beatriz Cerqueira, do PT, acrescentou que outros acontecimentos recentes, como a tragédia da enchente no Rio Grande do Sul, também comprovam a importância de se discutir a crise climática. Na opinião dela, eventos como esse deveriam servir de lição contra o enfraquecimento do serviço público e contra medidas como a contratação de consultorias privadas no licenciamento ambiental.
Ela ainda alertou que os problemas climáticos não atingem a todos de forma igual, implicando num recorte de gênero e raça, recaindo principalmente sobre mulheres negras, o que também foi abordado pela deputada Ana Paula Siqueira, da Rede. Esta também defendeu que o seminário encampado pela ALMG deve resultar em medidas tanto preventivas como de mitigação de danos. “Hoje já se fala em emergência climática, o que exige ações coordenadas”.