Montes Claros, que na década dos anos 80 foi berço gerador de projeto que na Constituição de 1988 formalizou a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), volta a ser destaque nacional. Ela é uma das três cidades pioneiras do país que está iniciando a implementação de projeto do Ministério da Saúde (MS) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), voltado para a linha de cuidado ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) na fase préhospitalar. Além de Montes Claros, os Estados do Rio Grande do Norte e Espírito Santo foram selecionados para a execução, a partir deste ano, da fase piloto do projeto.
Na última sexta-feira (6/9), durante reunião da Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde (CIB-SUS), realizada por videoconferência com a participação de gestores de saúde e equipes técnicas da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros e das Gerências Regionais de Saúde (GRS) de Januária e Pirapora, foi aprovado o fluxo assistencial entre o Serviço Móvel de Urgência (SAMU) e os hospitais Aroldo Tourinho, Dilson Godinho e Santa Casa. Essas instituições são habilitadas para a prestação de serviços de alta complexidade em cardiologia.
Referência técnica da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde da SRS, Ludmila Gonçalves Barbosa explicou que “a iniciativa objetiva possibilitar aos serviços de urgência e emergência terem acesso rápido ao diagnóstico do infarto, antes mesmo do paciente chegar a um hospital”. O projeto envolve a implantação de sistema de telecardiologia nas ambulâncias de suporte avançado do SAMU. Por meio da telecardiologia, ainda durante o atendimento pré-hospitalar de pacientes com suspeita de estarem sendo vítimas de infarto, profissionais do SAMU obterão resultados de exames de Eletrocardiograma (ECG) num tempo médio de dois minutos.
A emissão de laudos e de guias clínicas, bem como a assistência de teleconsultoria aos profissionais do SAMU será executada 24 horas por dia pelo serviço de telemedicina do Hospital das Clínicas da UFMG. O projeto também envolve a gestão e o monitoramento da assistência, bem como a capacitação presencial e online de equipes do SAMU e das portas de urgência e emergência dos hospitais.
No primeiro ano de implantação do projeto a previsão é de que 50 ambulâncias do SAMU serão equipadas em Montes Claros, no Rio Grande do Norte e no Espírito Santo com aparelhos de eletrocardiograma, com uso de aplicativo para captação de sinal e emissão de laudos. No segundo ano do projeto o número de ambulâncias equipadas aumentará para 205 e, no terceiro ano, para 450.
RESULTADOS
Com a implementação do projeto, o Ministério da Saúde e a UFMG pretendem obter como resultados o aumento do acesso de pacientes ao tratamento do infarto agudo do miocárdio de acordo com as diretrizes recomendadas e a redução do tempo de internação por meio da obtenção de diagnóstico rápido. Já com a aplicação de medicamento trombolítico (que desobstrui as coronárias) em vítimas de infarto ainda durante os atendimentos do SAMU, a expectativa é de que haja a redução de óbitos.
Além disso, por meio da organização dos fluxos e monitoramento dos serviços de cardiologia de alta complexidade, a expectativa do Ministério da Saúde e da UFMG é de que ocorra a redução das complicações e internações tardias, além do atendimento de outras urgências cardiovasculares.