Além da repactuação das renovações antecipadas de concessões ferroviárias, Minas quer o cumprimento da legislação que assegura a contrapartida de recursos para investimentos proporcionalmente à extensão de sua malha ferroviária. As reivindicações foram destacadas no debate público “Trens de Minas”, realizado nessa terça-feira, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O debate reuniu parlamentares estaduais e federais, prefeitos e outras autoridades.
Os deputados Tadeu Martins Leite, do MDB, presidente da ALMG, Oscar Teixeira, do PP, Antônio Carlos Arantes, do PL e Roberto Andrade, do PRD, e a deputada Lohanna, do PV, defenderam que Minas deve receber os recursos de acordo com a extensão de sua malha ferroviária.
O presidente da ALMG ainda pontuou o tema como urgente, devendo estar, por sua relevância, ao lado da discussão sobre a dívida de Minas com a União. “É inadmissível um Estado que tem 70% da malha da Vitória-Minas e 50% da MRS ficar com apenas 9% de recursos. Queremos nada mais do que justiça”, afirmou Tadeu Martins Leite.
O procurador da República Fernando Martins corroborou o posicionamento de que as verbas advindas das concessões devem ser destinadas exclusivamente para a melhoria da infraestrutura logística do Estado. Posicionamento semelhante ao de Danielle Bernardes, gerente-executiva da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que defendeu a utilização desses recursos inclusive em rodovias e em terminais intermodais, como portos secos, para facilitar a logística de escoamento da produção.
Segundo Victório Semionato, representante da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), hoje, apenas 18% da carga movimentada no País está sobre trilhos, em contraste com nações mais desenvolvidas. Contudo, o Estado possui toda a infraestrutura e know-how para reverter esse processo voltado ao transporte rodoviário, como a única fabricante de locomotivas do Brasil, em Contagem, exemplificou.
Diretor de Relações Internacionais da MRS Logística, Luiz Gustavo Bambini ponderou que a empresa investiu muito em Minas nos primeiros 30 anos da sua concessão. Ele também assegurou que parte significativa do plano de repactuação é a aquisição de material rodante, locomotivas, fabricados no Estado, como comentou o diretor da Fiemg.
Sem desmerecer a demanda mineira pela redistribuição dos recursos das outorgas, Luiz Gustavo afirmou que grande parte dos investimentos assumidos pela MRS estão relacionados à integração de terminais intermodais, obras que, mesmo no Rio e em São Paulo, trarão reflexos positivos para a circulação de trens e a capacidade do modal de angariar cargas hoje nos caminhões.