“Falo da vida a pulsar”. Este pequeno trecho é um resumo da obra do instrumentista e compositor Valmyr de Oliveira que estará presente durante seu show na 30ª Festa Nacional do Pequi, que acontece entre os dias 24 e 26 de novembro, em Montes Claros. Batizado de “Trilhas do Tempo”, o espetáculo, que tem a produção artística do Formigueiro Cultural, será uma síntese dos discos solos de Valmyr (Brilho de Saudade e Trejeito), onde o artista celebra suas raízes regionais, as amizades e os tempos de infância.
“No repertório dos dois discos gravo Tino Gomes, Zé Arlen, Tico Lopes, Sérgio Ferreira, Rita Maciel, Georgino Júnior, entre tantas outras pessoas, amizades de grande riqueza artística, que tive a oportunidade de conviver durante os anos que morei em Montes Claros. Nesse show vou celebrar o pulsar da vida e a volta à infância”, pontua o artista.
Com forte influência da cultura mineira em suas composições e arranjos, mais especificamente das raízes construídas, vivenciadas e experimentadas na cultura regional do Norte do estado, Valmyr de Oliveira tem na marca dos seus trabalhos uma sonoridade cativante, que vai brincando com nossos ouvidos a cada nota. Como é o caso da canção “Catopelando”, uma saudação aos tambores, ao divino e ao povo que constrói dia a dia a tradição regional.
E tantas influências marcantes na sua trajetória, voltar ao Norte de Minas para se apresentar é motivo de orgulho para o artista, que celebra a força cultural da região. “Quando recebi o convite fiquei surpreso e ao mesmo tempo envaidecido. É com grande alegria que volto a Montes Claros para mostrar meu trabalho. A cidade é eminentemente cultural, é uma escola de influências e confluências, uma das mais importantes. E essa cultura tem voz própria, corpo próprio. E eventos como a Festa do Pequi, neste trabalho feito pela secretaria de Cultura, buscando artistas da terra e mesclando com quem vem de fora, é importante para reforçar essa força cultural”, pontua Valmyr de Oliveira.
O show “Trilhas do Tempo” acontecerá no dia 24/11, às 22h, na Praça da Matriz, no Centro de Montes Claros, com entrada gratuita. Na apresentação, Valmyr de Oliveira será acompanhado pelo percursionista Tico Lopes e o grupo montesclarense Pequi Trio, formado por Marcelo Andrade (sax), Marco Neves (bateria), Thomas Fernandes (baixo) e André Marques (tecladista).
Natural de Buenópolis, Valmyr de Oliveira mudou-se aos 11 anos de idade (em 1971) para Montes Claros, onde conviveu, desde muito cedo, com a forte influência folclórica regional. Iniciou seus estudos em música em 1972, no Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez. Anos mais tarde graduou-se bacharel em violão clássico; fez licenciatura em música e pósgraduação em educação musical no Conservatório Brasileiro de Música. É mestre em Educação Musical pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cidade onde fixou residência a partir de 1993.
Artisticamente atua como violonista, compositor, arranjador e produtor artístico musical. Participou como músico instrumentista e cantor do Grupo Folclórico Banzé e integrou o Grupo Instrumental Marina Silva. No teatro, participou das peças “A Ver Estrelas” e “Uma Noite de Lua”, de autoria de João Falcão, como instrumentista; “Lisbela e o Prisioneiro”, dirigida por Guel Arraes, como arranjador; e do musical “Um Lugar Chamado Recanto”, escrito e dirigido por Frederico Mayrink, como instrumentista. Compôs, em parceria com Gabriel Machado, a trilha original da peça “Não se brinca com o amor”, autoria de Alfred de Musset.
Tem dois CDs solo: “Brilho de Saudade” (1996), que obteve indicação para o Prêmio Sharp, e “Trejeito”, em que vive a experiência de cantar, compor, arranjar e produzir. Dentre outros trabalhos, participou dos grupos Terno de São Benedito, Trio.Br e Seresta Carioca. Em 1996, ao lado de Paulo Pedrassoli e Ricardo Filipo, funda a Camerata de Violões, sendo até hoje integrante do grupo.