Mais de 200 municípios serão diretamente impactados pela construção do Centro de Excelência do Semiárido
O Governo de Minas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) vai beneficiar mais de 200 municípios do semiárido, com a criação do Centro de Excelência do Semiárido (Sertão). Ao todo, serão investidos mais R$ 20 milhões na implementação desse projeto inovador, voltado para o desenvolvimento de soluções tecnológicas e científicas para a região.
O Centro vai usar a Inteligência Artificial (IA) e a e Internet das Coisas (IoT) para potencializar o desenvolvimento de pesquisas voltadas para o combate aos impactos das mudanças climáticas e as desigualdades sociais do Norte de Minas. A ideia é desenvolver conhecimento, serviços, tecnologias e recursos humanos que gerem impactos ambiental, econômico e social na região do semiárido nas áreas de Bioeconomia, Agroeconomia e Biodiversidade.
Para o presidente da Fapemig, Carlos Arruda, esse é um projeto fundamental para impulsionar o desenvolvimento econômico e social da região. “O objetivo é que tenhamos uma capacidade diferenciada de geração de informações com o potencial de aplicação e o desenvolvimento de produtos, processos e startups”, afirmou.
Segundo a pró-reitora de pesquisa da Universidade, Maria das Dores Magalhães Veloso, a ideia do Centro surgiu a partir de uma feliz provocação da Fapemig. “Fomos estimulados a pensar nas áreas de excelência que já temos na Universidade, nas pesquisas de ponta já desenvolvidas e naquelas que ainda estão em desenvolvimento”, disse.
Para dimensionar o impacto que o Centro de Excelência do Semiárido trará para Minas Gerais, é importante compreender a complexidade desse território, que também é conhecido como o sertão mineiro. Dos 853 municípios de Minas, 209 estão localizados na região de semiárido
Além de mudar as características do Cerrado, da Caatinga e da Mata Atlântica – biomas presentes na região do semiárido mineiro – as alterações do clima também estão ameaçando as veredas, importante formação vegetal localizada nas proximidades das nascentes e que funcionam como vias de drenagem, contribuindo para a perenidade e regularidade dos cursos d’água. Elas são caracterizadas pela presença de palmeiras, principalmente do Buriti, e pelos solos hidromórficos que, em condições naturais, se encharcam de água que são liberadas ao longo do tempo.
PARCERIAS – O Sertão também vai impulsionar pesquisas relacionadas ao fruto de outra palmeira regional, a macaúba. Só que dessa vez, a parceria é com uma empresa privada, a Acelen Renováveis. A organização faz parte do fundo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos, e vai usar tecnologia desenvolvida pela Unimontes para a germinação de sementes da macaúba, no Centro de Inovação e Tecnologia Agroindustrial que o grupo vai instalar no município.
A empresa vai investir R$ 125 milhões no projeto em Montes Claros, que vai produzir dois tipos de biocombustíveis a partir do óleo do coco de macaúba: o biodiesel renovável, conhecido como diesel verde (HVO) e que pode ser usado em automóveis de pequeno porte, e o Combustível Sustentável da Aviação (SAF), indicado para a indústria aeronáutica.
A ideia é que, até 2030, o Sertão seja reconhecido como o principal centro de excelência em semiárido no Brasil. Para isso, nos próximos cinco anos, ele buscará fomentar a criação de empresas, a realização de workshops regional, nacional e internacional sobre o semiárido, além da consolidação de parcerias estratégicas e se posicionando como a principal referência em semiárido em âmbito nacional.