Além de investir mais de R$ 110 milhões em ações de combate à dengue, o Governo do estado vai decretar, ainda esta semana, estado de emergência em saúde em Minas Gerais, visando potencializar o trabalho, diante da ameaça de epidemia da doença, que pode levar a óbitos. A informação foi passada pelo secretário de Estado de Saúde, Fábio Bacheretti, em coletiva de Imprensa nessa terça-feira, em que externou preocupação com o avanço da doença em Minas Gerais.
Diante da ameaça das arboviroses em Minas Gerais – estado que vive o segundo ano consecutivo epidêmico para dengue e chikungunya – o Governo de Minas detalhou, nessa terça- -feira, uma série de ações com o objetivo prevenir e proteger a população das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti. “Pela primeira vez, Minas vai viver o segundo ano consecutivo epidêmico para dengue e chikungunya. Por isso, ações imediatas estão sendo tomadas, especialmente o decreto de emergência que o estado vai publicar esta semana para facilitar tanto a contratação de profissionais, quanto a compra de insumos pelo estado e pelos municípios mineiros”, anunciou o secretário de Saúde.
“Os indícios demonstram crescimento precoce dos números e a previsão é a de que até março devamos ter o pico de casos no estado. O que de fato sabemos é que teremos um ano difícil no estado de Minas Gerais”, destacou. Historicamente, Minas Gerais tem um ano epidêmico de dengue a cada três anos. Em 2023, foram registrados 327.238 casos e 204 mortes de janeiro a dezembro. Neste ano, até 22/1, são 32.316 casos prováveis da doença, 11.490 casos confirmados, 14 óbitos em investigação e um óbito confirmado no estado. Além disso, até o momento, foram notificados 4.353 casos prováveis de chikungunya, 3.067 casos confirmados da doença, dois óbitos em investigação e um óbito confirmado.
Ainda segundo Fábio Bacheretti, desde outubro de 2023, a dengue apresenta um comportamento muito semelhante a 2016 e 2019, e até um pouco acima destes anos epidêmicos. Até o momento, 600 municípios mineiros apresentam casos de dengue. “A região Central concentra o maior número desses casos, mas a tendência é a de que a alta se espalhe por todo o estado neste ano. Não significa que teremos mais casos até o fim do ano, mas que tivemos um crescimento precoce”, explica. “A dengue tem muita relação com o período chuvoso e com o calor e, em setembro e outubro do último ano, tivemos recordes de altas temperaturas. Dessa maneira, a curva pode mudar um pouco. Por isso, a importância de reforçar os cuidados coletivos e individuais para evitar os criadouros de mosquitos”, ressaltou.
Para atacar criadouros de mosquito e viabilizar outras medidas de prevenção e combate ao Aedes aegypti e à dengue, zika e chikungunya, o secretário anunciou um incremento de R$ 32,2 milhões a serem pagos no próximo mês de fevereiro aos municípios mineiros. O valor se soma aos R$ 80,5 milhões previstos para esse período sazonal, dos quais R$ 48,3 foram repassados em dezembro e R$ 32,2 estão previstos para o mês de julho.
O Governo de Minas também está investindo, via Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), R$ 30,5 milhões para que os municípios contratem o serviço de drones que serão utilizados na identificação, monitoramento e tratamento dos focos e criadouros do Aedes aegypti, permitindo uma atuação mais direcionada e eficaz por parte das secretarias municipais de Saúde. Foram repassados R$ 15 milhões em 2023 e o restante será pago nos próximos meses.
“Os drones são bastante efetivos no mapeamento das regiões com focos do Aedes, pois verificam os locais com condições claras de focos de dengue e podem colocar o larvicida, que é mais eficaz que o fumacê, que combate apenas a forma adulta do mosquito. Hoje, os 853 municípios mineiros têm o recurso para adquirir esses equipamentos, alguns com repasses diretos e outros por meio dos consórcios de saúde”, ressaltou o secretário.
TRATAMENTO – Desde 2023, 586 municípios foram beneficiados ainda com a entrega de equipamentos para enfrentamento às arboviroses, sendo que 344 deles já receberam itens como estereomicroscópios, bombas motorizadas e kits de hidratação. Os kits contêm cadeiras para coleta de sangue, macas, suporte para soro e outros itens que auxiliam a hidratação do paciente.
BIOFÁBRICA – Os investimentos se somam, ainda, a uma grande aposta: a construção da biofábrica da Wolbachia, que deve ficar pronta no primeiro semestre de 2024. As obras estão sendo executadas pela Vale S.A, como parte do Acordo Judicial assinado pelo Governo de Minas, Ministério Público de Minas Gerais, Ministério Público Federal, Defensoria Pública de Minas Gerais e mineradora, que visa reparar os danos decorrentes do rompimento das barragens em Brumadinho. A tragédia tirou 272 vidas e gerou uma série de impactos sociais, ambientais e econômicos na bacia do Ri o Paraopeba e em todo o estado de Minas Gerais.
Além de construir, equipar e mobiliar a unidade, a Vale S.A vai custear seu funcionamento por cinco anos, contados a partir da licença de operação, com investimento total de cerca de R$77 milhões. A estimativa é a de que a produção semanal da biofábrica, depois do início das atividades, seja de 2 milhões de mosquitos que, uma vez inseridos no meio ambiente, vão se reproduzir com os Aedes aegypti locais e estabelecer uma população com Wolbachia, que não transmite as doenças.
Os mosquitos produzidos na biofábrica serão destinados aos 22 municípios da Bacia do Rio Paraopeba. A expectativa da SES-MG é que ocorra a expansão da produção para todo território estadual. “Estamos esperando a conclusão das obras da biofábrica, em maio deste ano, para iniciarmos as ações de combate a médio e longo prazo, para não precisarmos mais conviver com essas doenças que nos afligem há tanto tempo”, comemorou Baccheretti.
MOBILIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO – Para a sensibilização dos gestores municipais no controle das arboviroses, a secretaria realizou, no dia 18/1, reunião on-line com prefeitos, secretários municipais de Saúde e referências técnicas em que foi apresentado o cenário, impactos e perspectivas para as doenças em 2024. Ainda em janeiro, a SES-MG começará a percorrer todas as Macrorregionais de Saúde do estado para atuar junto a gestores, técnicos e profissionais dos municípios na avaliação, por meio de simulados, dos planos de contingência municipais, a fim de preparar e organizar as ações previstas.
VACINA – Com relação à vacina contra a dengue, o dirigente da SES-MG explicou que o Ministério da Saúde vai encaminhar as doses para os estados que apresentem números elevados de casos, incluindo Minas Gerais, e que o imunizante será destinado, a princípio, ao público com idade entre 10 e 14 anos. “Minas vai receber, em breve, as doses para distribuir aos municípios que estejam com incidência alta de casos. Assim que as doses estiverem disponíveis, vamos pactuar o cronograma de vacinação e definir o público-alvo. Provavelmente, a partir de fevereiro, vamos iniciar a vacinação do público prioritário no estado”, pontuou o secretário.