Depois de anos sem ser lembrado, o projeto do Hospital Regional do Trauma em Montes Claros volta à pauta da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A questão foi abordada pelo deputado Gil Pereira, do PSD, que cobrou do governo estadual apoio ao empreendimento, de fundamental importância para melhorar a prestação de serviços de saúde na cidade e região. Ele o fez durante audiência pública da Comissão de Saúde do Assembleia Fiscaliza, nessa terça-feira, com a participação do secretário de Estado de Saúde, Fábio Bacherretti, que apresentou a prestação de contas do setor.
Ao se manifestar na reunião, Gil Pereira solicitou obras e investimentos que viabilizem o Hospital do Trauma, além de mais apoio ao Hospital Universitário Clemente de Faria, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O projeto do Hospital do Trauma volta à pauta política, após a retomada da campanha para viabilizá-lo pela Maçonaria, através do Conselho de Veneráveis do Norte de Minas (Convenorte), presidido por Ramon Ribas, venerável da Loja Maçônica União, Paz e Justiça (UPJ).
Em recente reunião com o Convenorte, na biblioteca da Unimontes, em Montes Claros, durante evento em que se debateu sobre adversidades climáticas, o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite, o Tadeuzinho, do MDB, anunciou articulações com o Governo do Estado para a inclusão do projeto na negociação do acordo de Mariana. Na reunião, o deputado estava acompanhado pela deputada Leninha, do PT, 1ª vice-presidente da AL, pelo deputado Arlen Santiago, do Avante, presidente da Comissão de Saúde do parlamento mineiro e pelo deputado Gil Pereira. A estimativa é de que são necessários recursos da ordem de R$ 300 milhões para tirar o projeto do papel.
CÂNCER – O desafio de garantir o diagnóstico precoce a pacientes com câncer, apesar da má remuneração oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi uma das principais questões dos parlamentares ao secretário do Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, durante reunião de Prestação de Contas do Governo à Assembleia Legislativa.
Grande parte das cobranças do presidente da Comissão de Saúde, deputado Arlen Santiago foram relacionadas à oncologia. Segundo ele, Belo Horizonte registrou um déficit de 2,2% no atendimento a essa especialidade. “Acredito que isso seja por falta de organização, pois é uma das regiões que contam com melhor infraestrutura”, declarou. Ele ressaltou que apesar de todos os esforços da Secretaria de Estado de Saúde em favor do diagnóstico precoce, 80% do gasto público dedicado à oncologia ainda vai para a quimioterapia. “O principal não tem sido feito, que é o diagnóstico precoce”, lamentou.
O deputado atribuiu grande parte do problema ao governo federal, uma vez que os valores pagos pelo SUS para o tratamento oncológico está muito defasado. “O SUS paga R$ 140 por uma biópsia de mama e só a agulha custa R$ 120”, criticou. Arlen Santiago disse ainda que são comuns casos de pacientes que precisam se deslocar por 300 quilômetros para ter acesso a um mamógrafo.
O secretário Fábio Baccheretti, entre outros pontos, disse que a inclusão das cirurgias eletivas, inclusive oncológicas, no Opera Mais, um programa de financiamento desse tipo de procedimento, vai oferecer condições para garantir que uma cirurgia seja paga, independentemente de onde ela acontecer.
Baccheretti informou que o Estado destinará R$ 30 milhões para o pagamento de uma bonificação entre o intervalo da realização da mamografia e o resultado anatomopatológico, com o objetivo de incentivar o diagnóstico mais rápido e definitivo para o paciente de câncer de mama. Também afirmou que o Estado distribuiu 62 mamógrafos novos a municípios de diversas regiões.
O Opera Mais foi um dos programas da área da saúde mais elogiados pelos deputados que participaram da audiência pública. Baccheretti relatou um grande aumento no número de cirurgias eletivas já alcançado pelo Estado, passando de 139 mil, em 2018, para 170 mil, em 2022, e 215 mil, em 2023.