Durante reunião realizada nesta quarta-feira, 14 de agosto, por meio de videoconferência, gestores de saúde, coordenadores de serviços de atenção primária e de vigilância epidemiológica foram alertados pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) Regional de Montes Claros, sobre a importância do reforço das ações voltadas para a notificação de casos suspeitos de febre maculosa e de monkeypox (Mpox), até então conhecida como “varíola dos macacos”.
Também nesta quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que a Mpox voltou a ser uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Até então, o nível mais alto de alerta para a disseminação da doença havia sido declarado pela OMS em julho de 2022. Porém, neste ano uma nova variante da doença aumentou o número de casos notificados na República Democrática do Congo, no continente africano. Mais de 14 mil casos já foram notificados naquele país, com ocorrência de 450 óbitos.
Durante a reunião do Comitê de Monitoramento de Eventos do Cievs Regional de Montes Claros, a referência técnica de vigilância epidemiológica e de saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, Maria Regina Oliveira Morais lembrou que “embora não esteja ocorrendo aumento de casos da Mpox de forma significativa fora da África, depois dos Estados Unidos o Brasil é o segundo país com maior número de casos notificados da doença no mundo”. Dados do Ministério da Saúde apontam que neste ano foram notificados 709 casos de Mpox no país, com ocorrência de 16 óbitos.
Durante a reunião, a coordenadora do Cievs e da vigilância em saúde na SRS de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, reforçou a importância dos profissionais de saúde e dos Núcleos de Epidemiologia Hospitalar estarem atentos para “a necessidade da notificação imediata de qualquer caso suspeito de Mpox e da febre maculosa, a fim de que o estado, o Ministério da Saúde e os próprios municípios possam tomar as providências necessárias para investigar os casos e conter a disseminação dessas doenças”.
SINTOMAS
A Mpox é uma doença transmitida pelo vírus monkeypox, que se manifesta principalmente através de lesões na pele, como manchas e feridas abertas, além de outros sintomas parecidos com os de uma gripe comum, como febre e dor de cabeça.
É considerada uma doença de baixa letalidade, pois a maior parte dos casos evolui naturalmente para a cura após 21 dias, sem necessidade de internação hospitalar. O contágio ocorre a partir do contato com pele, sangue, fluidos corporais e secreções, como saliva e roupas de cama de pessoas infectadas.
A doença se espalha de pessoa para pessoa e por isso é recomendado o isolamento imediato de casos considerados suspeitos.
A Mpox não é considerada uma infecção sexualmente transmissível, pois pode infectar qualquer pessoa a partir de contato próximo com indivíduos contaminados.
Em 2023 o Ministério da Saúde passou a disponibilizar vacina contra a Mpox para grupos específicos, aí se incluindo pessoas vivendo com HIV/Aids; profissionais de laboratórios que trabalham diretamente com a família do vírus da monkeypox e a pessoas que tiveram contato com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas de terem contraído a doença.
FEBRE MACULOSA
Quanto à febre maculosa o alerta do Cievs leva em conta a confirmação, na segunda quinzena de julho, da ocorrência de um caso da doença em Montes Claros.
A bióloga e referência técnica da SRS de Montes Claros, Patrícia Brito, ressalta a importância dos profissionais de saúde também estarem atentos para a ocorrência de febre maculosa na região. Isso porque, entre maio e novembro ocorre a época propícia para a proliferação de carrapatos, que são os transmissores da doença.
Entre 2014 e este ano foram notificados 88 casos suspeitos de febre maculosa em onze municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros. Do total de notificações, um caso doença foi confirmado em 2023 e outro neste ano, ambos em Montes Claros.
SINTOMAS
Os principais sintomas da febre maculosa são: febre; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia; dor abdominal; dor muscular constante; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada cardiorrespiratória.
Os cavalos, canídeos (cães, lobos, chacais, coiotes e raposas), roedores como a capivara e marsupiais, como gambá, têm importante participação no ciclo de transmissão da febre maculosa. Eles podem atuar como amplificadores de riquétsias e/ou transportadores de carrapatos potencialmente infectados.
PREVENÇÃO
Entre as medidas preventivas recomendadas à população estão: uso de roupas claras para ajudar na identificação de carrapatos; uso de calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas; evitar andar em locais com grama ou vegetação alta; uso de repelentes contra carrapatos; verificar se pessoas e animais de estimação não estão com carrapatos; remover carrapatos em pessoas com uso de pinça, evitando apertá-los ou esmagá-los. Já os serviços municipais de saúde devem alertar os profissionais das unidades básicas para ter atenção especial com as pessoas que forem atendidas com sintomas compatíveis com a doença e histórico de circulação em áreas com a presença de carrapatos; realização de reuniões e treinamentos envolvendo os profissionais da assistência e vigilância em saúde; notificação e investigação imediata dos casos suspeitos; fazer a coleta de carrapatos em pessoas atendidas nos serviços de saúde e enviá-los para análise no laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte; realizar a vigilância de ambientes com a coleta ativa de carrapatos; realização de ações de educação em saúde com foco no repasse de orientações à população sobre a prevenção contra a febre maculosa.