Montes Claros fechou 2023 com uma inflação mais baixa do que o índice nacional, que foi de 4,62%. No ano passado, o aumento do custo de vida na cidade foi de 4,29%, menos da metade do índice inflacionário acumulado em 2022, que tinha sido de 9,52%. Isso é o que aponta a pesquisa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O levantamento mede o custo de vida das famílias com rendimento entre um e seis salários mínimos mensais na cidade-polo do Norte de Minas.
De acordo com a pesquisa do Departamento de Economia da Unimontes, entre os grupos que compõem o IPC-MOC, o da alimentação foi que teve maior impacto no aumento do custo de vida no ano passado, com um índice de 9,544%, seguido dos grupos “artigos de residência” (5,65%), “educação e despesas pessoais” (4,12%), “saúde e cuidados pessoais” (3,43%) e “transporte e comunicação” (2,33%).
Coordenadora do Índice de Preços ao Consumidor da Unimontes, a professora Vânia Silva Vilas Bôas Lopes salienta que o grupo da alimentação apresentou maior impacto (2,97%) no IPC-MOC em 2023, com maior variação em relação aos demais grupos. “Esse resultado foi influenciado, principalmente, por conta do comportamento dos preços das hortaliças, frutas, tubérculos e legumes” (variação de 16,12%), cereais, leguminosas e oleaginosas (variação de 12,4%), leite e derivados (variação de 8,7%), bebidas (variação de 5,17%), e proteínas animais (variação de 9,2%)”, observa.
INFLUÊNCIA DO CLIMA
A professora Vânia Vilas Boas lembra que o aumento dos preços dos alimentos em 2023 foi favorecido pelas mudanças climáticas. “Em 2023, embora a inflação tenha sido inferior ao ano de 2022, os alimentos continuam pressionando os preços; isso se deve ao aumento dos preços das commodities agrícolas, dos fatores climáticos com o fenômeno La Niña, que vem impactando no clima global nos últimos dois anos, provocando estiagem, geadas e excesso de chuvas. Isso tem levado à quebra de safra de grãos”, afirmou. “Torna-se necessária continuidade da política de valorização do salário mínimo para garantir poder de compra principalmente para população de baixa renda”, completa a economista da Unimontes.
A economista salienta que houve também um aumento de 5,18% na alimentação fora da residência, pressionado pelos preços de lanches e self service. Já o grupo de “artigos de residência” foi influenciado pelo preço de equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos (que variaram em torno de 6,25%), automóvel zero quilômetro (7,12%), e produtos da linha branca (4,89%). O grupo “transporte e comunicação” foi pressionado pelo aumento dos combustíveis (12,5%), passagens intermunicipais (5,5%) e dos serviços de seguro veículo (15%).