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Centros contribuem com a conservação da fauna silvestre

Estruturas, presentes em cinco cidades de diferentes regiões do estado, receberam no ano passado quase 10 mil animais

Em um amplo espaço, um macaco da espécie bugio, recolhido no Sul de Minas, em 2023, observa com tranquilidade a atividade de outros animais ao redor, como araras, tucanos e iguanas. Ao mesmo tempo, uma siriema é alimentada por uma equipe formada por veterinários, biólogos e cuidadores. Esta é a rotina dos Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), estruturas essenciais no recebimento, reabilitação e soltura da fauna silvestre.

Presentes em cinco cidades de diferentes regiões de Minas, os Cetras recebem animais oriundos de apreensões, além de entregas voluntárias de pessoas que mantêm animais ilegalmente e se arrependem, e de espécies recolhidas, seja em área urbana ou em estradas. Os profissionais também tratam de filhotes e animais feridos recolhidos pela população. São milhares de animais recebidos, reabilitados e devolvidos à natureza anualmente.

“Nossa estrutura é uma forma de conservação, é para onde virão os animais e serão atendidos, criados e recuperados para poder voltar novamente à natureza para desempenhar as funções ecológicas que eles desempenham normalmente”, explicou a médica-veterinária do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Érika Procópio.

CIDADES – Além da capital Belo Horizonte, há estruturas do Cetras instaladas em Juiz de Fora e Montes Claros. Estas três possuem gestão compartilhada entre o IEF e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Já outras duas, localizadas em Divinópolis e Patos de Minas, são geridas exclusivamente pelo Governo de Minas. Há, ainda, mais unidades a serem entregues à população nos próximos anos.

“Chegaremos a dez Cetras nos próximos anos. Essa é uma importante ação desenvolvida pelo Governo de Minas para fazer com que a causa animal tenha cada vez mais e melhores cuidados e que a gente possa agir para a melhoria da qualidade da biodiversidade no estado”, afirmou o diretor-geral do IEF, Breno Lasmar.

RECUPERAÇÃO E REABILITAÇÃO – Quando um animal dá entrada nos Cetras, seja por apreensão, entrega voluntária ou por recolhimento, ele é avaliado por veterinários e biólogos. Uma avaliação clínica, física e comportamental é feita e, após a primeira etapa, o animal recebe uma marcação. A partir da triagem, a equipe poderá saber se o referido animal poderá avançar para uma etapa de reabilitação ou se precisará passar por outro tipo de tratamento.

“Esse processo é variado e depende de indivíduo para indivíduo, do tempo em que esse animal estava em cativeiro ou dos ferimentos que esse animal apresenta quando chega. Pode variar entre semanas até anos”, explica Érika Procópio. Ela detalha ainda que não é possível ter uma estimativa exata de quanto tempo o animal vai ficar no Cetras, o que depende muito da avaliação inicial e do êxito que o animal terá durante o processo de reabilitação.

HISTÓRIAS – Há casos marcantes que ficaram na história dos Cetras, como o dos filhotes de tamanduás recuperados ainda na barriga da mãe, vítima fatal de um atropelamento. Neste caso, a equipe recebeu o corpo da mãe e retirou os filhotes ainda com vida. Nos dias seguintes, eles receberam a amamentação e ensino sobre como ser um animal selvagem. O saldo foi positivo, como relatou Érika.

“Temos um projeto no IEF que é o de soltura com monitoramento. Teve um dos animais que cuidamos desde filhote, fizemos o processo de reabilitação, soltamos na natureza e esse filhote que virou adulta teve um filhote na natureza”, conta. É um caso bem marcante, ressalta ela, pois o animal passou por várias etapas, desde filhote, cuidado inicial e reabilitação, até conseguir se estabelecer na natureza e reproduzir.

Animais com sequelas permanentes ou com outras características que impeçam o retorno à natureza são encaminhados para locais devidamente autorizados, conforme a legislação vigente.

ÁREAS DE SOLTURA – Já os animais reabilitados pelo Cetras são soltos, prioritariamente, nas Áreas de Soltura de Animais Silvestres (ASAs).

São áreas particulares, que as pessoas colocam à disposição para receber os animais e ajudar nas ações de conservação.

Para inscrever uma propriedade rural como Área de Soltura de Animais Silvestres junto ao IEF é necessário certificar-se de que possui condições de implantar o viveiro de aclimatação com no mínimo 24m² de área construída e de fornecer alimentação diária aos animais, entre outras exigências.

A médica veterinária explica que a pessoa interessada entra em contato com o IEF por um link no site. A partir desse link, será feito o georreferenciamento da área e avaliadas as respectivas potencialidades. “Depois disso, a gente faz uma vistoria no local para ver se é uma área adequada e solicita a construção de um viveiro de aclimatação, onde os animais ficarão um período no pré-soltura para se recuperarem da viagem e se adaptarem ao ambiente”, descreve. As taxas de soltura de animais recebidos no Cetras BH, por exemplo, são em torno de 60% a 65%.

ORIGEM DOS ANIMAIS – Os animais silvestres dão entrada em unidades do Cetras principalmente apreendidos pelos órgãos de segurança pública, como a Polícia Militar do Meio Ambiente. Em maioria, são vítimas do tráfico. Mas eles também podem ser recolhidos pelos órgãos públicos nos ambientes rurais e urbanos e ainda podem ser entregues de maneira voluntária pela população.

O índice de animais que chegam até o Cetras de Belo Horizonte por meio de apreensão é de 70%, de acordo com a médica-veterinária do IEF. A estrutura da capital mineira, inclusive, é a que mais recebe animais em todo o estado. Foram cerca de 3,6 mil somente em 2023, sendo que as cinco unidades, juntas, recepcionaram 9,7 mil animais no ano passado.

Entre as espécies que estão no topo da lista de apreensão, estão pássaros como o trinca-ferro e o canário chapinha, além de papagaios e araras. Geralmente, estes animais são transportados em pequenas caixas dentro de porta-malas de veículos. “Cada recuperação de animais que chegam muito feridos é uma grande vitória para nós”, resumiu Érika Procópio.

Centros contribuem com a conservação da fauna silvestre
Montes Claros conta com um dos Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres

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