Cento e doze foragidos por violência doméstica e feminicídio foram recapturados em Minas Gerais durante uma operação conjunta das forças de segurança voltada ao combate à violência contra a mulher. O número faz parte de um total de 116 prisões realizadas também em outros Estados, conforme balanço apresentado pela Polícia Militar, em coletiva de imprensa nessa quinta-feira (29/8).
Ao todo, 112 suspeitos foram detidos em Minas Gerais, enquanto os demais foram localizados em outros estados: três em São Paulo, um em Mato Grosso e um em Goiás. Quatorze deles foram localizados em Belo Horizonte. As prisões, fruto de um esforço coordenado da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), composta pelas polícias Penal, Militar, Civil e Federal, integram as ações do Agosto Lilás, campanha dedicada ao enfrentamento da violência contra a mulher.
“Nós temos uma série de ações conjuntas realizadas rotineiramente com os órgãos de segurança no estado e, aproveitando o momento do Agosto Lilás, nós acionamos a Ficco como um apoio, primeiro em uma integração de inteligência. A Polícia Federal trouxe dados e informações acerca desses autores, repassou isso à nossa diretoria de inteligência, que distribui a todo o sistema de inteligência da Polícia Militar e culminou nessas 116 prisões”, detalhou a Major Layla Brunnela, porta-voz da PM, em coletiva de imprensa.
Os números da operação revelam a seriedade dos crimes investigados. Somados, os suspeitos detidos acumulam mais de 600 anos de condenações por uma variedade de crimes, incluindo feminicídios, estupros, lesões corporais, descumprimento de medidas protetivas e ameaças. Os suspeitos ainda têm mais de 2.500 passagens pela polícia e 829 inquéritos abertos. “São autores perigosos, contumazes, que geram retrabalho constante às nossas instituições. Estamos prevenindo a violência doméstica, impedindo novas agressões e novas vítimas”, frisou.
Entre os presos, a PM ainda identificou dez alvos prioritários, responsáveis por quase 200 anos de pena a cumprir. Com um extenso histórico criminal que inclui mais de 79 inquéritos e 93 boletins de ocorrência, eles são classificados pela PM como “altamente perigosos”. Um dos alvos prioritários foi localizado no Sul de Minas. “A retirada desses autores das ruas, levando-os ao cumprimento das suas respectivas penas, com certeza, traz um alento às mulheres em Minas Gerais, traz um alento às famílias”, destaca a porta-voz da PM.
A operação envolveu um esforço considerável de recursos e planejamento. Ao todo, 353 policiais militares, em 154 viaturas, participaram de cerca de 300 operações ao longo das últimas semanas. Em paralelo às ações repressivas, a major da PM destaca as medidas preventivas e de apoio às mulheres. “Temos patrulhas de prevenção à violência doméstica em todo estado, que fazem um pós-atendimento à mulher com visitas de orientação e encaminhamentos aos diversos serviços sociais na tentativa de quebra do ciclo de violência”, destaca.
A chefe da Divisão Especializada no Atendimento à Mulher da Polícia Civil de Minas Gerais, Danúbia Quadros, reforça o caráter contínuo das ações de prevenção a violência contra a mulher. “Estamos diariamente, não apenas agora no Agosto Lilás, combatendo a violência doméstica e, para além do combate, desenvolvendo várias ações de forma preventiva levando cada vez mais a conscientização das formas de violência e onde a mulher pode procurar para denunciar e pedir ajuda. A violência doméstica é gradativa. Nosso foco não é só feminicídio, é combater e reprimir essa violência desde o primeiro sinal, seja um xingamento, uma violência psicológica, uma ameaça”, disse.
A major Layla Brunnela também sublinhou a gravidade de todas as formas de violência doméstica, destacando que a PM não distingue entre diferentes tipos de abusos quando se trata em localizar os agressores. “Independentemente do tipo de violência contra a mulher, da gravidade dessa violência, nós vamos buscar esses autores. O autor da violência doméstica não pode achar que é pouco, o que eu fiz é pouco, o tapa que eu dei é pouco. Todo tipo de violência dentro da residência é grave”, afirma.
“As forças de segurança não toleram mais a violência contra mulher. A gente, de forma integrada, está cada vez mais trabalhando de forma conjunta para prender esses agressores de violência doméstica, independentemente da forma de violência”, completou.