O aumento do número de casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no País e suas consequências para a saúde pública preocupam a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), reunida para debater o assunto nessa quarta-feira, 6. De forma geral, os participantes da audiência destacaram a necessidade de atendimento urgente dos pacientes vítimas de AVC para evitar mortes e sequelas, com o mote “tempo é cérebro”. Hábitos de vida saudáveis para a prevenção da doença, a revisão dos valores da tabela de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) e a aprovação do Projeto de Lei (PL) 179/19, que institui a Política Estadual de Apoio às Vítimas de AVC no Estado, foram outros aspectos abordados.
O AVC ocorre por causa do entupimento ou rompimento dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro. Pode ocorrer em qualquer idade, mas costuma ser mais frequente em idosos e pessoas com problemas cardiovasculares. O Acidente Vascular Cerebral pode ser isquêmico, quando um coágulo bloqueia o fluxo de sanguíneo para uma área do cérebro, ou hemorrágico, mais letal, que se dá com um sangramento dentro ou ao redor do cérebro.
Como ressaltou o presidente da comissão, deputado Arlen Santiago, do Avante, que solicitou a audiência pública, é uma doença extremamente difícil tanto para os pacientes quanto para suas famílias, tendo em vista que muitos perdem a capacidade de trabalhar e realizar tarefas corriqueiras e passam a necessitar de cuidados. Um dos maiores defensores da recomposição da tabela do SUS, o deputado salientou as dificuldades enfrentadas pelos hospitais para oferecer o tratamento adequado sem conseguirem nem mesmo cobrir o seu custo.
Nesse contexto, Marcílio Catarino, presidente da Associação AVC Norte de Minas, comentou o avanço trazido pela trombectomia mecânica, procedimento para restabelecer o fluxo de sangue no cérebro, mas ainda não ofertado em hospitais públicos em Minas Gerais.
A trombectomia foi incorporada ao SUS em 2023, já com valores defasados, segundo Marcílio. Os hospitais conseguem reembolso de quase R$ 18 mil, enquanto o preço médio só dos materiais necessários é de R$ 33 mil. Pacientes que realizam a trombectomia mecânica no tempo correto chegam a ter 90% de chance de um desfecho favorável, salientou. A importância de um atendimento nos primeiros momentos da ocorrência também foi destacada pelo coordenador d e Urgência da Santa Casa de Belo Horizonte, Albert Louis Bicalho. “A cada um minuto não tratado de um AVC, perdemos 1,2 milhão de neurônios”, pontuou.